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"Em Chamas", de Chang-Dong Lee, 2018

hikafigueiredo

Filme do dia (259/2018) - "Em Chamas", de Chang-Dong Lee, 2018 - O jovem Jong-soo (Yoo Ah‑In) reencontra, após muitos anos, a antiga colega de escola Hae-mi (Jeon Jong‑seo). Após um breve contato, Hae-mi viaja e, quando retorna, traz consigo Ben (Steven Yeun), despertando ciúmes em Jong-soo.





Este é um filme criativo e surpreendente. Pela temática - sem spoilers - poderia ser um romance, poderia ser um thriller, mas não, construiu-se um drama lento e intimista. A obra, de ritmo vagaroso, com fortes notas de suspense, leva o personagem Jong-soo a uma terrível revelação, a qual é apresentada, paulatinamente, "peça por peça". Não é um filme de plot-twist, pois as suspeitas do personagem Jong-soo - assim como as do espectador - são, pouco a pouco, levantadas e confirmadas. O mais marcante na obra é seu ritmo lento, completamente estranho à natureza da história e extremamente bem construído. Não é um filme fácil de se falar sobre, pois qualquer spoiler pode pôr tudo a perder. Acompanhando o maravilhoso roteiro, temos quesitos técnicos impecáveis. A fotografia, por vezes excepcional, é hábil em criar sensações e climas. A trilha sonora - que via de regra me passa despercebida - é marcante e pontua estados emocionais dos personagens. A edição foi uma aposta arriscada, pois, ao optar pelo ritmo tão lento, subverteu todas as expectativas para uma obra desta natureza. E as interpretações são especialmente deliciosas: os personagens Jong-soo e Hae-mi são pessoas que vão além do comum, são quase insípidas, sem atrativos aparentes ou nada que os destaque em meio às demais pessoas. Em parte por isso mesmo, são personagens perdidos em meio à multidão, ao mesmo tempo em que dão o verdadeiro significado à solidão. Mas, em meio à falta de graça de Hae-mi, Jong-soo sente-se atraído pela ex-colega e, gradualmente se apaixona pela jovem - o olhar de Jong-soo para Hae-mi muda e, junto com ele, o nosso olhar. De repente, a moça torna-se doce, encantadora e extremamente atraente. Ben, por outro lado, surge como o milionário bon-vivant, educadíssimo, formal, gentil... e intrigante, pois evidentemente deslocado entre os demais personagens. Nesse universo - e antes que escape algum spoiler - os atores fazem um trabalho incrível, criando nuances e detalhes preciosos nos personagens! Destaque para duas cenas: Hae-mi dançando semi-nua ao pôr-do-sol, com uma das mais lindas fotografias que vi recentemente e pura poesia; e a cena final, puro arrebatamento. Preciso parar, antes que estrague a experiência do amiguinho rs!!!! Filme fantástico, mas há que se gostar de ritmo lento.

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