Filme do dia (215/2017) - "Embriagado de Amor", de Paul Thomas Anderson, 2002 - Barry Egan (Adam Sandler) é um pequeno empresário tímido e introspectivo. No entanto, por baixo da superfície retraída, Barry transborda de ira incontida e é dado a verdadeiros ataques de ansiedade e fúria. Quando conhece Lena (Emily Watson), ao mesmo tempo em que anda às voltas com um chantagista (Philip Seymor Hoffman), suas emoções tornam-se ainda mais intensas.
A obra do excelente Paul Thomas Anderson retrata o personagem Barry tentando lidar com sua confusão emocional. Contraditório na essência, aparenta calma, timidez e autocontrole - fala baixo, tem movimentos contidos, olhar fugidio - mas, na realidade é um vulcão prestes a entrar em erupção e, a cada situação de pressão, descontrola-se e põe para fora toda a sua fúria. Pressionado pela família - Barry possui sete irmãs - apresenta evidente dificuldade em relacionamentos. Ao apaixonar-se por Lena, o personagem perde a última esperança de ter algum controle sobre suas emoções, tornando-se ainda mais impulsivo. O filme é uma comédia romântica bonitinha e diferente, pois em momento algum o mundo se mostra "cor de rosa" e organizado - na verdade, a obra consegue extrair romance do caos, de personagens evidentemente neuróticos e imperfeitos. A câmera do filme é nervosa e acompanha os ataques de fúria e pânico de Barry. A fotografia é contrastada, com muitas cenas estouradas. Mas é impossível falar do filme sem tocar na questão da interpretação de Adam Sandler. Estamos acostumados a ver o ator em filmes sofríveis, comédias rasas, obras muitas vezes que beiram a idiotice. Esse filme é a prova de que Adam Sandler não é um mau ator, mas apenas ocupou um nicho que, por mais ridículo que seja, tem público. Em "Embriagado do Amor", Adam Sandler está incrivelmente bem e convincente, lembrando que não é um papel muito fácil por conta das inúmeras alterações de humor do personagem - e ele está bem, acredite, tanto que ganhou o Globo de Ouro pelo papel!!!! Como companheiros de elenco, ele tem nada menos que dois monstros - Emily Watson (sou fã ardorosa dela desde que assisti "Ondas do Destino" - ela é fantástica!!!) e Philip Seymor Hoffman (perfeito em todos os papeis que interpretou). A obra é tão bem desenvolvida que Paul Thomas Anderson ganhou Melhor Direção em Cannes em 2002 pelo filme - e não é sempre que Cannes se rende a uma comédia romântica! Ah, a obra é bem bacana, vale a pena, recomendo.
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