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"Estou Pensando em Acabar com Tudo", de Charlie Kaufman, 2020

hikafigueiredo

Filme do dia (351/2020) - "Estou Pensando em Acabar com Tudo", de Charlie Kaufman, 2020 - A personagem (Jessie Buckley) - jamais sabemos o real nome dela - está saindo de viagem com seu namorado Jake (Jesse Plemons). Eles passarão o dia com os pais de Jake e voltarão no fim da tarde. O que Jake não sabe é que a namorada pensa reiteradamente em terminar o relacionamento que, apesar de bom, não indica ter fôlego. E assim, mergulhada em seus pensamentos, a moça segue viagem.





Baseado no romance homônimo de Iain Reid, o filme foi roteirizado e dirigido por Charlie Kaufman. Bom, esse nome já nos dá uma ideia do que virá pela frente antes mesmo de começarem os créditos - será um filme "mindfuck" por excelência, pois tudo que tem a chancela desse roteirista e diretor foge ao habitual. A obra é, antes de qualquer coisa, profundamente interpretativa: ooookay, vai lá, escolha sua interpretação e seja feliz. E o que eu estou falando é bem sério: eu consegui imaginar, por baixo, três leituras diferentes daquele emaranhado de cenas, escolhi uma que mais me agradou e guardei para mim; e posso quase garantir que as interpretações são infinitas, tantas quantas as possibilidades da história. O público que espera uma história convencional, deve passar longe do filme, isso é fato. Poderia explanar aqui minhas três teorias acerca da história, mas acho que isso iria limitar a imaginação do leitor-espectador e, possivelmente, induzi-lo a ter interpretações parecidas com as minhas, o que eu acho péssimo, motivo pelo qual vou guardar minhas leituras criativas para mim mesma, podendo revelá-las em particular para quem tiver interesse (desde que também tenha assistido à obra e já tenha sua própria visão da coisa toda). O ritmo da narrativa inicia-se lento e, gradualmente, vai se tornando mais ágil. A atmosfera começa ligeiramente melancólica - melancolia daquilo que não foi vivenciado, sabe como é? -, mas ganha tensão a cada minuto que passa, além de trazer um sentimento de claustrofobia. Tenho curiosidade para saber se a loucura é original do romance ou a piração foi acrescentada, no roteiro, por Kaufman, estou quase comprando o livro para ler. Tecnicamente o filme é meio padrão, a inventividade está mais no roteiro do que na linguagem cinematográfica utilizada. O elenco é composto por Jessie Buckley como a namorada, ótima em meio à sua percepção "diferenciada"; Jesse Plemons como Jake, igualmente bem; a maravilhosa Toni Collette como a mãe de Jake, mostrando toda a sua versatilidade; David Thewlis como o pai do rapaz; e Guy Boyd como o zelador (não pergunte; assista rs). Well, eu curto esse tipo de filme que dá nó na cabeça e que o espectador tem de fazer lá sua força para achar sentido no que foi visto, então, eu adorei (como adoro tudo de Charlie Kaufman). Não é filme para todos, não tem uma linha muito lógica, há que se trabalhar nessa obra, portanto, esteja certo de que quer ter essa experiência antes de começar (principalmente para não ficar falando mal do filme depois). Eu curti.

 
 
 

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