Filme do dia (58/2023) – “Expresso do Horror”, de Eugenio Martin, 1972 – No final do século XIX, o antropólogo britânico Alexander Saxton (Christopher Lee) encontra, em uma expedição à Manchúria, um símio fossilizado de milhões de anos. Ao transportá-lo de trem para a Europa, ele descobre que o fóssil é hospedeiro de uma estranha e perigosa criatura.
Ainda que o filme tenha sido classificado como do gênero terror, eu vejo muito mais afinidade dele com a ficção científica, pois considera premissas bem mais afetas àquele gênero. De qualquer forma, embora não se possa negar a criatividade e potencialidade de seu argumento – uma forma de vida alienígena e mortal que se apossa completamente de seus hospedeiros e acumula o conhecimento de suas vítimas, tornando-se, a cada instante, mais capaz -, é fato que o desenvolvimento da narrativa supera, e muito, qualquer “groselha” que porventura pudéssemos imaginar. O filme é de uma bizarrice única, completamente sem pé nem cabeça, e boa parte de sua “lógica” não resiste a uma análise minimamente aprofundada, modificando a minha concepção de “filme B”, inclusive por ter um desenvolvimento narrativo incompatível com a qualidade técnica. Afirmo isso porque me parece que o orçamento da obra permitiu “luxos” – como elenco com nomes famosos da indústria cinematográfica, desenho de produção caprichado e fotografia de ótima qualidade – bastante desconectados do roteiro, digamos, muito “excêntrico” (aka mambembe). A história acompanha a rivalidade entre dois pesquisadores – Professor Alexander Saxton e Dr. Wells – que, a certa altura, precisam se unir para lutar contra a tal criatura que passa a ceifar a vida dos passageiros do trem. O roteiro poderia até aproveitar o mote para fazer um bom suspense, mas nem isso faz, pois, diferentemente dos personagens, sempre sabemos quem é o hospedeiro da vez. Continuei assistindo o filme muito mais por curiosidade, para ver o tamanho da criatividade do roteirista, do que por real envolvimento com a obra. A narrativa é linear, em ritmo moderado e quase constante, ganhando alguma agilidade nos últimos vinte minutos. A atmosfera deveria ser de tensão, mas, ao menos para mim, não funcionou como esperado. Acho que o ponto alto do filme é a presença de dois ícones do cinema de terror – Christopher Lee, como Professor Saxton, e Peter Cushing, como Dr. Wells -, sempre ótimos, mas que não mereciam estar num filme tão sem sentido. Ainda temos a presença, igualmente marcante, de Telly Savalas como um orgulhoso capitão do exército cossaco. No elenco, ainda, Silvia Tortosa, Alberto de Mendoza, Alice Reinheart, Julio Peña e George Rigaud. Não tem muito como defender o filme, sabe... ele é ruim, daqueles que a gente pensa no tempo que gastou para ver. Corram sem olhar para trás.
Comments