Filme do dia (166/2015) - "Felicidade", de Todd Solondz, 1998 - Trish, Helen e Joy são três irmãs que buscam a felicidade de diferentes formas - Trish, aparentemente bem casada, vive uma farsa; Helen, uma escritora de sucesso, é a própria farsa; e Joy, carente e fracassada, apenas tenta sobreviver. Em torno delas, personagens igualmente problemáticos.
Todd Solondz, como nenhum outro diretor, retrata a hipocrisia da sociedade de forma crua e cirurgicamente precisa. Seus personagens, todos frustrados, fracassados, infelizes, vestem suas máscaras e povoam a sociedade fingindo sucesso e felicidade. A mensagem que o diretor passa é algo tipo "Não se desespere - tudo é um teatro e todos são uma farsa". Há, ainda, uma crítica aos personagens que buscam, todos, sua felicidade no outro, depositando, em terceiros, seus sonhos, esperanças e projetos. "Felicidade", como também o ótimo "Bem Vindo à Casa de Bonecas", é um filme incômodo e instigante - logicamente, afastando excessos e exageros, o espectador reconhecerá, em si mesmo ou em terceiros, algumas atitudes dos personagens, seja no casamento de fachada de Trish, no falso sucesso profissional de Helen, na solidão de Joy, Allen e Kristina, no desespero da mãe das garotas ao se ver sozinha, dentre outros. Há, ainda, personagens mais extremos - no caso, Bill e Kristina - ambos, colocando seus monstros interiores para fora, com a maior naturalidade, de maneira assustadora. O roteiro é muito bom, crítico, ácido. As interpretações dos diversos atores estão muito bem, dando vida aos personagens neuróticos e fora de equilíbrio. É um filme forte e que trata de temas complexos como pedofilia, estupro, abuso psicológico, suicídio, perversões - mas de forma sutil, sem cenas explícitas. Achei muito bom e recomendo.
Comentários