Filme do dia (69/2019) - "Truman", de Cesc Gay, 2015 - Residente no Canadá, Tomás (Javier Cámara) viaja para Madri para reencontrar Julián (Ricardo Darín), seu melhor amigo que está com câncer em estado avançado. Preparando-se para sua própria morte, Julián busca um novo tutor para seu cachorro Truman. Os amigos terão apenas quatro dias para resolverem, juntos, as pendências de Julián.
Esta delicada obra discorre sobre a amizade, a lealdade, o companheirismo, o respeito e a tolerância. Ainda que distantes fisicamente, Tomás e Julián mantêm sólidos laços de amizade. As muitas diferenças entre os dois amigos - que por vezes, alimentam severas discussões - são insuficientes para separá-los e a convivência exige, de ambos, tolerância extrema. Enquanto Tomás sofre calado pela iminente morte do amigo, Julián encara com praticidade sua partida - sua postura serena e objetiva frente à morte que se aproxima agonia sua prima e seu melhor amigo, que gostariam de convencê-lo a continuar lutando. Achei muito bacana a forma como mostraram que a aproximação da morte não precisa ser sofrida, ela pode ser vivenciada com naturalidade e serenidade - Julián se esforça para deixar tudo em seu lugar antes de partir e isso inclui o bem estar de seu velho cão. Adorei a forma como os temas são conduzidos ao longo da narrativa: sensível sem ser apelativa, não temos cenas de explícita manipulação, tão comuns em obras hollywoodianas. Aliás, apesar de tratar de um tema tão delicado e pesado como a morte, o filme não é "choroso", nem mesmo pesado. Definitivamente, é uma obra bem interessante. Tecnicamente, o filme é padrãozão - muito bem feito, mas sem grandes destaques. Eu diria que o maior destaque da obra são as interpretações - Ricardo Darín dispensa comentários, ele é sempre excepcional, um colosso. Javier Cámara, por sua vez, conhecido do público brasileiro através de vários filmes de Almodóvar, é igualmente um ator incrível e aqui mostrou muita sensibilidade para interpretar Tomás. Gostei bastante e recomendo.
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