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hikafigueiredo

"Foi Deus Quem Mandou", de Larry Cohen, 1976

Filme do dia (61/2022) - "Foi Deus Quem Mandou", de Larry Cohen, 1976 - Em meio a uma onda de assassinatos em Nova York, o policial Peter Nicholas (Tony Lo Bianco) percebe que, em comum a todos, a justificativa dos assassinos de que fora Deus quem os havia guiado. Muito católico, Peter sente-se transtornado com essa ideia e passa a investigar a estranha relação entre os casos.





Com um argumento interessante e instigante e uma evidente crítica ao fanatismo religioso, a obra envereda por uma bizarrice de tal monta que eu me senti até constrangida pelos rumos da história. A obra se inicia com a ótima ideia de pessoas que cometem atrocidades em nome de um suposto chamado divino - vislumbrei, aí, um desenvolvimento crítico, um alerta à cegueira proporcionada pelas religiões, que transformam pessoas em fanáticos guiados por dogmas e mitos. Okay... a crítica até está lá, não nego, mas o que vem à reboque é uma miscelânea de ideias e gêneros cinematográficos que jogam o filme de um lado para o outro e, na minha opinião, fazem com que ele se perca de um desenvolvimento que tinha potencial para ser fantástico. A obra mistura os gêneros policial, suspense, terror e - pasme - ficção científica, de modo que é impossível defini-lo em um deles em específico. Além dessa confusão, identifiquei um racismo implícito que me incomodou demais - os poucos personagens negros da história são ou corruptos ou drogados ou bandidos (que desserviço à representatividade...). A narrativa é majoritariamente linear - existem duas cenas em flashback, na minha opinião, as piores e mais constrangedoras do filme. O ritmo é moderado, sustentando uma tensão crescente. Tecnicamente, a obra é paupérrima - a fotografia tem problemas crassos: cenas escuras demais, sombras aparentes onde não deveriam existir, cores e qualidade irregulares, enfim, nada que o fotógrafo se orgulhe. O roteiro começa bem e daí é só ladeira abaixo - não sei o que o diretor , que também assina o roteiro, andou tomando para escrever tanta coisa esdrúxula. As interpretações também deixam a desejar: tirando Tony Lo Bianco, que faz quase milagre para dar espessura ao protagonista, Sandy Dennis, que interpreta a esposa em crise de Peter e Sylvia Sidney, uma mulher idosa com um passado traumático, todos os demais atores são sofríveis (e mesmo os que eu mencionei não são lá excepcionais, certo?). Eu sei que achei a obra esquisitíssima e só não a detestei pelo argumento inicial que eu ainda cedo crédito. Por outro lado, confesso que a história insólita me despertou tamanha curiosidade (para ver aonde ia chegar a criatividade do roteirista-diretor), que segurou minha atenção até o final. Mas não vou dizer que achei bom não.

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