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  • hikafigueiredo

"Furyo, Em Nome da Honra", de Nagisa Oshima, 1983

Filme do dia (276/2020) - "Furyo, Em Nome da Honra", de Nagisa Oshima, 1983 - Java, 1942. Em território conquistado pelos japoneses, um grupo de soldados ingleses e holandeses vive sob o jugo severo do Capitão Yonoi (Ryuchi Sakamoto), o comandante japonês responsável pelo campo de prisioneiros de guerra. O coronel John Lawrence (Tom Conti), um apreciador da cultura japonesa, é o interlocutor entre os presos e o comandante. A chegada de um novo prisioneiro - o major Jack Celliers (David Bowie) - irá abalar a relação do Capitão Yonoi com os demais confinados.





A obra é baseada no livro de memórias do prisioneiro de guerra Laurens van der Post, um holandês, aqui transformado no personagem inglês John Lawrence. O cerne do filme é o choque cultural existente entre o comandante japonês e seus prisioneiros ocidentais, tendo Lawrence no meio como mediador - e único a compreender ambos os lados do conflito. Mas, de todos os atritos que surgem, o que mais abala o capitão japonês é a presença incômoda e sedutora do major inglês Celliers, surgindo, ali, um evidente interesse entre o algoz e seu prisioneiro. O tema da homossexualidade no exército seria, posteriormente, tema de outro filme do diretor ("Tabu", 1999), mostrado bem mais abertamente que aqui, onde a atração do comandante japonês pelo soldado britânico é algo velado e vergonhoso para o capitão. Achei bem interessante a forma como o diretor Oshima tratou da temática controversa - para o espectador, a atração do capitão Yonoi por Celliers é absolutamente evidente, mas, em meio aos comandados japoneses, isso fica meramente sugerido, não é algo escancarado como é para o espectador, e uma determinada conduta do soldado inglês será escandalosa para os subordinados do comandante (sem spoilers). A narrativa ocorre em tempo linear, tem um ritmo pausado e uma atmosfera tensa e, ao mesmo tempo, melancólica. Eu fiquei meio tristonha com o desfecho da obra, mesmo sabendo, de antemão, sua história. Nas questões técnicas, o destaque fica por conta da trilha sonora - conhecidíssima por quem viveu na época do lançamento do filme, meu caso - criada por Ryuichi Sakamoto - sim, o ator que interpreta o comandante Yonoi, pois, na realidade, ele é músico e não ator! Por sinal, a interpretação dos dois músicos - Sakamoto e Bowie - foi excelente, se considerarmos que atuação não era a área principal de qualquer dos dois. Quanto à presença de Bowie no papel de Celliers, é claro que sua aparência ligeiramente andrógina e sua sedução natural pesaram na escolha - acertadíssima, diga-se de passagem. Outra presença de peso na obra é Takeshi Kitano, o diretor japonês, como sargento Hara. No meio de tanta gente ilustre, o trabalho de Tom Conti até ficou um pouco apagado, mas não por culpa de sua interpretação que foi bastante satisfatória, mas por conta de tantos holofotes juntos, rs. O filme é ótimo, Nagisa Oshima foi um diretor excelente, muito versátil, e vale a visita. Recomendo.

PS - Bowie e Sakamoto é muita beleza junta... rs

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