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  • hikafigueiredo

"Fábula Macabra", de Curtis Harrington, 1972

Filme do dia (64/2022) - "Fábula Macabra", de Curtis Harrington, 1972 - Uma velha senhora rica, Mrs. Forrest (Shelley Winters), convida as crianças de um orfanato para passar o Natal em sua mansão. Dentre elas estão os irmãos Christopher (Mark Lester) e Katy (Chloe Franks). Quando a Mrs. Forrest encanta-se com Katy, Christopher teme ser abandonado e tenta manter a irmã junto de si.





Fazendo uma releitura do famoso conto "João e Maria", a obra traz uma irônica narrativa acerca de maternidade, fantasia, loucura e inocência infantil e surpreende ao conduzir o espectador a desenvolver empatia por personagens improváveis. Ainda que o roteiro tenha diversas pontas soltas e coloque diferentes elementos na história que, no final das contas, não se relacionam entre si, dando a impressão de serem duas histórias que não "se conversam" fundidas em uma única narrativa, o humor irônico existente nele acaba por salvar a obra, tornando-a, no mínimo, sombriamente divertida. O filme começa sugerindo um desenvolvimento na direção de um terror sobrenatural, mas, rapidamente, nos damos conta que o sentido será outro completamente diverso, sem nunca perder do horizonte a referência da fábula infantil mencionada. A narrativa é linear, com uma única cena de flashback, na minha opinião, desnecessária. O ritmo é bem marcado e crescente. A atmosfera é tensa e sombria e se torna, pouco a pouco, mais doentia e insana, mas com um toque cômico, principalmente por conta de alguns exageros, tanto da história, quanto das interpretações. O elenco é encabeçado por Shelley Winters em uma atuação propositalmente afetada - a personagem Mrs. Forrest deixa claro, desde o início, que não está lá muito bem de suas faculdades mentais, oscilando entre a realidade e seus devaneios e a interpretação exagerada de Winters reforça esse caráter meio doidivana da personagem; como Christopher, temos Mark Lester, um ator mirim bastante requisitado nas décadas de 60 e 70, bastante bem no papel; como Katy, Chloe Franks, bonitinha, mas com uma interpretação muito engessada. O elenco é completado por Ralph Richardson, Lionel Jeffries e Michael Gothard. A obra é uma sinistra fábula natalina que não dá medo em ninguém, mas que não deixa de ser curiosa por subverter aquela aura de bondade que afeta os contos natalinos de modo geral. É interessante, vale como curiosidade.

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