Filme do dia (91/2020) - "Garage Olimpo", de Marco Bechis, 1999 - Durante a ditadura militar na Argentina, Maria (Antonella Costa) ensina adultos de periferia a ler. A atividade é considerada subversiva e Maria acaba sendo detida pelo exército argentino e levada aos porões da ditadura.
É inegável a importância de obras que retratem as monstruosidades cometidas pelas ditaduras de direita da América Latina na segunda metade do século XX, Assim, os filmes que discorrem sobre as torturas,os sequestros e assassinatos cometidos por aqueles governos nos ajudam a lembrar o porquê de se defender a democracia e o Estado de Direito. Nesse sentido, "Garage Olimpo" é uma obra vital e necessária para a compreensão do que foi a terrível ditadura argentina. No entanto, à parte de sua importância como representação de um fato histórico, o filme, como cinema, oferece relativamente pouco. Com um roteiro pouco inspirado, cujo único objetivo foi retratar como eram tratados os "inimigos" do governo naquele período, a obra não conseguiu me ganhar. Talvez tenha sido uma defesa minha para não me envolver tanto com a horrível história da personagem Maria, mas é fato que, por mais que as imagens de torturas e mortes tenham sido fortes, não "senti" a obra como já aconteceu com outras com igual temática, tais como "Machuca" (2004), "Batismo de Sangue" (2006) ou "Uma Noite de 12 anos" (2018). Achei tudo muito previsível, o desenvolvimento muito óbvio e didático, e sensorialmente fraco. Aliás, em se tratando de roteiro, não entendi a relação entre a personagem Maria e a personagem Ana, esta última completamente dissociada do restante da narrativa. No que se refere à qualidade técnica, a obra apresenta uma direção de arte competente que, aliada à fotografia, consegue criar um ambiente bastante opressor. Quanto às interpretações, também não me tocaram - não acho que os atores e atrizes tenham sido realmente ruins, mas, deixaram um pouco a desejar. Em suma, é um ótimo filme para explicitar a questão da tortura e dos assassinatos na ditadura argentina... mas é isso, tá, não espere mais.
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