Filme do dia (236/2021) - "Grito de Horror", de Joe Dante, 1981 - A jornalista e âncora de televisão Karen White (Dee Wallace) vem sendo perseguida por um indivíduo que assume ser um serial killer da região, de nome Eddie Quist (Robert Picardo). Com orientação da polícia, Karen marca um encontro com Eddie, sem imaginar que entrará em um terrível pesadelo muito mais complexo do que apenas um caso de assassinatos em série.
Lançado no mesmo ano do excepcional "Um Lobisomem Americano em Londres", o filme explora a mesma temática - a presença da criatura fantástica no seio da sociedade humana. No entanto, enquanto aquela obra envereda pelo terreno do humor ácido, mesclando terror e comicidade, esta aqui apoia-se exclusivamente no estabelecimento de um clima de tensão, abraçando o gênero do terror com rara convicção. Não sei se pelo fato desta criatura fantástica não me impressionar muito - para mim, vampiros e lobisomens jamais terão o mesmo impacto no meu imaginário do que bruxas e demônios, seres que verdadeiramente me aterrorizam -, mas acho que "Um Lobisomem Americano em Londres" foi mais feliz na sua abordagem, pois não entrei tanto quanto deveria na "vibe" de horror deste filme aqui. Na história, há um paralelismo entre a natureza dos animais selvagens e a do homem, ambas marcadas pela violência e pelo instinto - o que diferenciaria animais do homem seria a capacidade humana de controlar seus ímpetos violentos, tese defendida pelo personagem Dr. George Wagnner, mas rechaçada pela sociedade licantropa, que almeja vivenciar seus instintos animais sem qualquer freio. A narrativa é linear, em ritmo ágil, com poucas "pausas" para o fôlego. O clima é de tensão constante, mas admito que os pesadelos da personagem Karen me foram mais aflitivos do que sua convivência junto ao grupo de lobisomens - como já disse, não imergi na atmosfera de terror. Tecnicamente, os pontos fortes da obra são a fotografia, que brinca muito com luz e sombras, explorando, com eficiência, as cenas no contraluz; a maquiagem, bastante convincente quanto às caracterizações dos lobisomens; e, claro, os efeitos especiais, que na época deveriam ser excelentes, mas que, hoje, mostram-se um pouco irregulares - há efeitos ótimos, outros deixam um tanto a desejar diante da evolução da computação gráfica, principalmente aqueles relacionados aos mecanismos animatrônicos que simulam a passagem dos homens a lobisomens (nesse sentido, a transformação similar de "Um Lobisomem Americano em Londres" continua imbatível, realista até mesmo para o atual universo da computação gráfica). O elenco é encabeçado pela atriz Dee Wallace, que se especializou em filmes de terror, interpretando personagens em inúmeras produções do gênero, numa atuação bastante convincente como Karen White; o marido de Wallace na vida real, Christopher Stone, interpreta o companheiro da personagem Karen, Bill, e segue a tradição de desempenho que beira o sofrível dos filmes de terror; Patrick Macnee interpreta o Dr. Wagnner, em boa atuação; Belinda Balaski interpreta Terry Fisher, amiga de Karen, ótima na cena de seu encontro com um lobisomem; Elisabeth Brooks interpreta a sedutora Marsha; destaque para presença do sempre ótimo John Carradine, ícone absoluto dos filmes de terror. Alçado a filme cult, "Grito de Horror" é uma obra marcante, divertida e bem interessante, muito embora não tenha entrado para o meu "hall da fama" do gênero. Para quem curte filmes de terror, em especial as produções oitentistas, é diversão na certa.
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