Filme do dia (130/2021) - "Guerra, Flagelo de Deus", de Georg W. Pabst, 1930 - Durante a Primeira Guerra, quatro soldados alemães convivem com os horrores da guerra, sendo afetados de diferentes formas por ela.
O filme retrata, com minúcias, a guerra das trincheiras, acompanhando a experiência de quatro soldados alemães cujos destinos estão indissoluvelmente ligados ao embate. A obra é uma denúncia sobre os horrores da guerra, mostrando os efeitos devastadores desta em todos os envolvidos, inclusive naqueles que não vivenciam o front. O filme é bastante realista e acredito que tenha usado locações reais (se não, foram extremamente felizes na caracterização das trincheiras e ruínas). O fio condutor são os quatro personagens, de forma que a narrativa pode parecer um pouco aleatória na forma como se desenvolve. Ainda que a maior parte das cenas se concentre no combate em si, no interior do labirinto de trincheiras, há cenas na cidade, nos curtos períodos de folga dos soldados, retratando, assim, o efeito da guerra nos familiares civis - o desabastecimento, a fome, o temor pelos entes queridos, a solidão. Já no front, a atmosfera é de loucura, desalento e desesperança - os soldados, como máquinas, avançam, ainda que emocionalmente estejam destruídos e sequer saibam o motivo de estarem ali. Apesar de não ser em todas as cenas, podemos perceber forte influência do expressionismo alemão na obra, principalmente através da fotografia P&B muito contrastada e por alguns momentos da interpretação, mais exagerados. Das interpretações, destaque para Gustav Diessl como Karl, muito sóbrio e introspectivo, e para Claus Clausen como o tenente, com uma expressividade trágica. No elenco, ainda, Fritz Kampers como "o Bávaro", Hans Joachim Moebis como "o estudante", Hanna Hoessrich como esposa de Karl e Jackie Monnier como Yvette. O filme é muito bom, ainda que fique aquém de "Nada de Novo no Front" (1930). Vale a visita.
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