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  • hikafigueiredo

"Hairspray", de John Waters, 1988

Filme do dia (308/2020) - "Hairspray", de John Waters, 1988 - Baltimore, EUA, 1963 - O programa de televisão "Corny Collins Dance Show" faz sucesso entre os jovens da cidade. Tracy Turnblad (Ricki Lake) é uma adolescente que sonha em participar do programa, até que a grande chance lhe aparece.





A obra, escrita e dirigida por John Waters, foi a base do musical homônimo da Broadway, que também virou filme em 2007. A história gira em torno de Tracy, uma adolescente fora dos padrões por ser gordinha, o que não a impede de ser descolada e extremamente popular, e dos movimentos pelos direitos civis dos negros, que exigiam a integração (equiparação de direitos entre a população branca e a negra). Apesar de adorar o musical de 2007, com o John Travolta no papel de Edna Turnblad, a mãe de Tracy, eu confesso que tenho um carinho mais que especial pelo original de Waters. Acho fantástico o evidente flerte da obra com o trash - ainda que a qualidade técnica do filme seja excelente, as interpretações e alguns detalhes de direção de arte (como os cabelos exageradíssimos) soam bastante "fake" e eu acho isso divertidíssimo. Além disso, temos um elenco delicioso, começando pela adorável Ricki Lake no papel de Tracy, e a icônica Divine, verdadeira musa de John Waters, no papel de Edna. E, ainda, temos a crítica feroz a dois preconceitos - o racismo e a gordofobia. Na narrativa, há a total desconstrução de qualquer imagem negativa que se pudesse fazer da população negra - ela é mostrada como arrojada e criativa, em contraposição à população "WASP", provinciana, atrasada e preconceituosa (o que os "rednecks" são mesmo, até hoje, por sinal). Também temos a verdadeira destruição da gordofobia: Tracy, muito fora do padrão "barbie", é tudo aquilo que uma menina de sua idade quer ser - simpática, inteligente, moderna, popular, articulada e ainda namora o galã do programa -, enquanto que a "loira padrão" é uma verdadeira megera - mimada, arrogante, invejosa, um asco. É humanamente impossível não se apaixonar por Tracy, a comprovar que não tem nada de negativo em ter alguns ou muitos quilos a mais. O filme tem uma fotografia um pouco lavada para o meu gosto, mas não chega a estragar a obra. A direção de arte tem detalhes exagerados e brinca com o imaginário do espectador. A trilha sonora da década de 60 é uma delicinha, cheia de rockinhos e rockabillies bacanas. E o elenco de apoio tem "jóias" como Sonny Bono (sim, o Sonny Bono da Cher! rs), Debbie Harry (sim, a Debbie Harry do Blondie!!!), Ruth Brown (para quem não conhece, é uma famosa cantora de black music daquela época), Pia Zadora e Vitamin C. Destaque para o ótimo trabalho da atriz Jo Ann Havrilla como Sra. Pingleton. Eu simplesmente A-D-O-R-O esse filme e recomendo pacas (só lembrando que este não é um musical como o de 2007).

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