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"Hannah", de Andrea Pallaoro, 2018

hikafigueiredo

Filme do dia (219/2018) - "Hannah", de Andrea Pallaoro, 2018 - Hannah (Charlotte Rampling) é uma mulher idosa cujo marido encontra-se preso. Acompanhando o dia-a-dia de Hannah, o motivo e as consequências do encarceramento de seu esposo vão se revelando.





Uma existência que, gradativamente, vai se esfacelando - este é o argumento da obra. Hannah é uma mulher solitária desde o princípio, apesar de ter uma vida bastante ativa. No entanto, a narrativa retrata como "o cerco vai se fechando", de modo que a personagem vai se tornando, paulatinamente, cada vez mais solitária, enclausurada em si mesma. O esposo nega a culpa por um crime hediondo, Hannah "compra a briga" do marido, acredita em sua inocência e fica ao seu lado, contra todas as evidências e contrapondo-se a todas as pessoas, inclusive as mais íntimas. Ao ficar do lado do companheiro, Hannah abre mão de todos os demais afetos e companhias e recebe a mesma indignação despertada pelo esposo - torna-se, assim, uma pária entre os seus. A narrativa é extremamente lenta e incrivelmente silenciosa - parquíssimos são os diálogos, e, os que existem, jamais passam de três ou quatro frases curtas. Isso, entretanto, não impede a obra de ser riquíssima em emoções e racionalizações - o espectador sente a solidão, a angústia e o quase sufocamento de Hannah e busca, constantemente, encaixar as peças para entender aquela situação da personagem e compreender seus porquês. É um filme pesado - minto, pesadíssimo - no sentido de ser carregado de emoções consideradas ruins, negativas. Eu, que sou chegada num drama, achei maravilhosa aquela explosão de emoções que começam a aflorar devagar e, ao poucos, quase nos afogam de tão intensas. Mas, lembrem-se: filme francês, ritmo lento, lento, lentíssimo, ações vagarosas, emoções nos detalhes - amantes de blockbusters, talvez seja melhor descartarem esse aqui (exceto se a proposta for sair total da zona de conforto). A grande força do filme reside na junção do roteiro - segundo fontes, feito, especificamente, para Charlotte Rampling - e a atuação magnifica da atriz, que consegue transmitir toda a força da história em meros olhares, em expressões discretas e em linguagem corporal minimalista (mas, vamos combinar, Charlotte Rampling é maravilhosa! Basta assistir a "O Porteiro da Noite", "Os Deuses Malditos", "Eu, Anna", "Swimming Pool" e, principalmente, "45 Anos" para confirmar isso!!!). Filmaço, gostei demais, mas para quem gosta deste estilo de obra.

 
 
 

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