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“Hellraiser – Renascido do Inferno”, de Clive Barker, 1987

  • hikafigueiredo
  • 5 de abr. de 2023
  • 3 min de leitura

Filme do dia (22/2023) – “Hellraiser – Renascido do Inferno”, de Clive Barker, 1987 – Após adquirir um quebra-cabeça tridimensional, Frank (Sean Chapman) entra em contato com os Cenobitas – guardiões das experiências mais extremas possíveis para os seres humanos - e acaba preso em um universo macabro onde dor e prazer se confundem. Quando seu irmão Larry (Andrew Robinson) passa a morar no imóvel da família onde antes Frank morava, surge a possibilidade de Frank retornar à nossa dimensão.





Clássico dos filmes de terror da década de 80, a obra trabalha com um nicho bastante específico, onde o terror vincula-se diretamente à sexualidade e aos fetiches mais extremos. Através de um pequeno e aparentemente inocente quebra-cabeça tridimensional, seria possível abrir o portal para a dimensão cenobita, onde as experiências mais extremadas, drásticas, dolorosas e, para alguns, prazerosas, estariam disponíveis aos desafortunados que ousassem atravessar tal portal. É evidente que existe uma clara menção ao universo BDSM que, entre os cenobitas, atingiria limites inimagináveis, onde a dor e o prazer seriam os mais extremos. Essa dimensão perversa permeia o filme inteiro e não é sutil – ao contrário, é absolutamente explícita. O roteiro, assinado por Clive Barker, segue a linha das obras literárias dele – não sei explicar, mas os livros de Clive Barker têm uma coisa meio maligna, uma energia pesada que eu jamais consegui entender, mas que, definitivamente, conduzem o leitor a experiências emocionais ímpares – e cria toda uma mitologia assustadora sobre os tais cenobitas, que despertam tanto medo, quanto curiosidade. Aliás, o filme trabalha bastante com a questão da curiosidade, da busca por conhecimento, ainda que este esteja encravado em terreno temerário. Eu diria que o roteiro e sua capacidade de criar uma atmosfera mística, perversa e doentia as melhores coisas do filme. Há ainda uma sugestão acerca de pedofilia, que chega a ser bastante incômoda – o personagem Frank é o que chamamos de amoral e para ele qualquer experiência é válida, inexistem freios morais para ele. Bom, isso é o que existe de interessante e bacana na obra, que, também, tem um pezinho no gore – as cenas onde Frank começa a se reconstruir são, no mínimo, desconfortáveis, para não dizer repugnantes. Agora, do roteiro ousado à realização do filme existe um espaço bem grande e é aqui que, para mim, a obra tropeça, pois o resultado ficou um bocado aquém do que poderia ter sido. Do ponto de vista técnico, o filme é rasteiro, da fotografia amadora à edição de som primária. Até acredito que, para os anos 80, os efeitos especiais nem eram ruins – alguns, como a aparência dos cenobitas, até deveriam ser bastante bons – mas envelheceram mal, como a criatura que persegue a personagem Kirsty, para os dias de hoje nada convincente. Mas o que pega mesmo é a canastrice do elenco... dou um desconto para os intérpretes dos cenobitas que tinham de parecer estranhos mesmo, mas os demais, são todos péssimos... Sean Chapman é péssimo como Frank, canastrão até a última molécula do corpo; Andrew Robinson é um pouco melhor, mas não dá para dizer que estava realmente bem no papel; Ashley Laurence, que interpreta Kirsty, o que tinha de bonita e graciosa NÃO tinha de talento – horríííível!!!! Clare Higgins como Julia também está longe de ser uma boa interpretação. Bom, certo é que, apesar das limitações técnicas de todas as ordens, o filme fez sucesso, ganhou uma legião de fãs ardorosos e abriu as portas de uma rentável franquia de filmes, que perdura até nossos dias (houve, inclusive, uma refilmagem de “Hellraiser” em 2022). Eu acho a ideia (e imagem) dos cenobitas uma das mais assustadoras já criadas pela imaginação de um cineasta. Acho que é uma boa pedida para quem curte filmes de terror.

 
 
 

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