Filme do dia (55/2022) - "Hitch - Conselheiro Amoroso", de Andy Tennant, 2005 - Alex "Hitch" Hitchens é um "coach" de relacionamentos amorosos que instrui homens apaixonados a conquistar suas "garotas". Ele é contratado pelo quase invisível Albert (Kevin James), que é apaixonado pela celebridade Allegra Cole (Amber Valletta), para conquistá-la. Enquanto orienta Albert, Hitch se vê envolvido com Sara (Eva Mendes) e tem dificuldade em seguir suas próprias regras.
Confesso que vejo algo de visionário nessa comedinha romântica ingênua - ela previu o insuportável mercado futuro do coachismo para qualquer assunto. O que é mais irônico é que, aqui, há uma certa crítica à questão - ainda que o personagem Hitch tenha sucesso em sua instrução para relacionamentos, parte-se do pressuposto que isso é algo entre cômico, patético e não ético, tanto que há uma cláusula de anonimato na relação com seus clientes, como se, no fundo, todos tivessem vergonha de procurar ajuda para conquistar uma moça. Saudades da época em que as pessoas tinham noção do ridículo e existir coachismo para relacionamento amoroso era argumento para fazer uma comédia. Outra coisa que é inegável é que a história acaba por carregar boa dose de machismo, pois, aqui, as mulheres passam de objeto de desejo a puro objeto, mesmo que o personagem Hitch tenha princípios morais e até dê alguns bons conselhos (que seriam óbvios não fosse a educação machista da maioria dos homens... coisas básicas como "escute o que a mulher tem a dizer"... mas isso não é o mínimo, não?). Mas, colocando de lado esse machismo implícito, esta é uma comédia romântica que funciona, até mesmo porque, no frigir dos ovos, a orientação do personagem não tem resultados matemáticos e, portanto, está sujeita a erros e efeitos insuspeitos - inclusive para o próprio coach. A história também funciona, em boa parte, pela simpatia da dupla Albert e Allegra, um casal para lá de improvável, mas que angaria a empatia do espectador: que anônimo nunca se imaginou fazendo parzinho com alguém que habita as páginas das revistas e jornais? Nada é mais envolvente que ver, nas telas, aquele sonho juvenil de ter seu ídolo famoso apaixonado por você, reles mortal. O filme, como era de se suspeitar, é bastante padrão e previsível, mas acho que ninguém assiste uma comédia romântica esperando ser surpreendido, né? Quanto à forma, à estética e à técnica, tudo é para lá de convencional, bem mainstream. No elenco, Will Smith interpreta Hitch, o cara boa praça, cheio de boas intenções e engraçado, como boa parte dos personagens que interpretou no cinema; Eva Mendes dá vida à Sara, uma mulher desconfiada, incrédula dos relacionamentos e profundamente resistente às abordagens pelo sexo masculino; Kevin James interpreta o desajeitado Albert, um verdadeiro acidente ambulante, mas que guarda sentimentos sinceros por Allegra, uma celebridade que se mostra sensível e carente, interpretada por Amber Valletta. O filme é dessas bobagens gostosinhas, bem sessão da tarde, para ver sem compromisso e sem esperar nada além de um bom entretenimento. Enfim, cumpre bem sua função. Para quem gosta de comédia romântica básica.
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