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“Homebound”, de Neeraj Ghaywan, 2025

  • hikafigueiredo
  • há 6 horas
  • 2 min de leitura

Filme do dia (119/2025) – “Homebound”, de Neeraj Ghaywan, 2025 – Shoab (Ishaan Khatter) e Chandan (Vishal Jethwa) são amigos de infância que moram em um pequeno vilarejo no norte da Índia. Ambos estudam para um concurso nacional para a polícia indiana, cargo que, acreditam, garantiria não apenas bom salário, mas, principalmente, o respeito que os dois almejam. Após a prova, os amigos aguardam o resultado, mas a tensão decorrente da espera e os problemas em que eles se veem envolvidos podem trazer estremecimentos à amizade.


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Originária da maior indústria cinematográfica mundial, a obra foi inspirada em um artigo jornalístico do New York Times. Tendo, em primeiro plano, a história da amizade entre dois jovens – um indiano hindu de casta baixa e um indiano muçulmano -, o filme não se detém, apenas, na temática da amizade, tratando, também, de questões como as disparidades sociais na Índia, a tensão entre hindus e muçulmanos, o sistema de castas – o qual, muito embora legalmente abolido do país, continua sendo a base de preconceitos e discriminação -, a luta pela sobrevivência, o surgimento da pandemia de covid-19 e os consequentes problemas econômicos e sociais dela advindos. A narrativa acompanha os dois amigos, ambos vítimas de discriminação, que almejam alcançar uma posição que lhes garanta algum respeito na sociedade. Eles participam de um concurso para a polícia, mas a demora em sair o resultado os impele para alternativas diversas, inclusive porque, ambos muito pobres, precisam garantir seu próprio sustento e auxiliar suas famílias. O filme traz um retrato muito rico da sociedade indiana, revelando costumes, hábitos e problemas do país. Não espere uma obra com música e dança, tão comum no cinema da Índia – o que temos é um doloroso drama humano, marcado pela tragédia, daqueles que destroça o coração do espectador, mas sem jamais cair para o melodrama ou a manipulação do público através de subterfúgios narrativos (algo tão comum nos dramas estadunidenses). Formalmente convencional, o filme garante fotografia e desenho de produção de alta qualidade. A narrativa é linear, em ritmo marcado e constante. A atmosfera começa leve, inspirada e otimista, mas, à medida que a narrativa avança, torna-se pesada e melancólica, chegando a se tornar trágica em seu desfecho. A direção de Ghaywan é competente e não derrapa em momento algum. Os trabalhos da dupla de atores principais são impecáveis – Ishaan Khatter imprime força , determinação, orgulho e uma boa dose de mágoa ao personagem Shoab; já Vishal Jethwa faz com que seu Chandan seja mais delicado, romântico e frágil que o amigo. Ambos os personagens apresentam complexidade e espessura, tudo graças à interpretação firme dos atores. No elenco, ainda, Janhvi Kappor como Sudha, namorada de Chandan. O filme de tocou, eu fiquei sinceramente emocionada com a evolução da história, mas aviso que a gente termina com o coração pesado. Trigésimo quarto filme visto na 49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

 
 
 

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