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hikafigueiredo

"Homens de Honra", de George Tillman, 2000

Filme do dia (382/2020) - "Homens de Honra", de George Tillman, 2000 - EUA, década de 50. Um jovem negro de origem humilde, Carl Brashear (Cuba Gooding Jr.), entra para a Marinha norte-americana e precisa lutar contra o preconceito para firmar-se como mergulhador resgatista.





Eu não sou muito fã de filmes de superação, onde os protagonistas precisam sofrer o diabo para alcançarem algum objetivo. Mas minha boa vontade quanto a filmes de superação aumenta consideravelmente quando a luta é contra algum preconceito arraigado, seja esse de raça, gênero ou orientação sexual. Nessa obra específica, baseada na biografia real do mergulhador Carl Brashear, temos uma pequena mostra do preconceito racial nos EUA, nas décadas de 50 e 60 - não que o preconceito racial tenha diminuído muito na atualidade, mas, ao menos, hoje, há algumas garantias constitucionais que asseguram alguns direitos à população negra daquele país (tá certo... nem sempre respeitadas... mas pelo menos a segregação não é institucionalizada como naquela época). Na história, o protagonista precisa cumprir uma jornada hercúlea para, inicialmente, ser aceito como um simples marinheiro (e não como um serviçal) e, posteriormente, como um aspirante a mergulhador, posto até então reservado aos marinheiros brancos. Trava-se, assim, uma batalha épica entre o inquebrantável jovem e seu instrutor racista, decidido a impedi-lo de se transformar no primeiro mergulhador negro da história do país. A narrativa começa com um longo flashback, volta para um determinado ponto da história, sofre uma elipse de tempo e passa a seguir cronologicamente (descrevendo parece confuso, mas no filme é fácil de acompanhar). Obviamente que a história deve ser mega romanceada - principalmente quanto à figura do instrutor Billy Sunday, cuja natureza muda um pouco além da conta ao longo da narrativa -, mas entendo que isso faça parte da licença poética para criar maior tensão (ainda que me incomode um tanto o deslocamento de uma parte do mérito do protagonista negro para o "homem branco que o auxilia", desconfiando muito desse movimento). A atmosfera geral é tensa e a tendência é deixar o espectador - pelo menos aquele empático e despido de preconceitos canalhas - com uma indignação de doer o fígado. No papel de Carl Brashear, um Cuba Gooding Jr. muito à vontade, ótimo como o determinado marinheiro (seus olhares de verdadeiro ódio motivador são ótimos); como o instrutor Billy Sunday, Robert De Niro, que sabe fazer papéis odiosos como ninguém (devo salientar que eu achei esse personagem meio inconsistente - ele sofre uma mudança muito brusca, não consigo visualizar esta modificação no mundo real, acredito que ele tenha a sido excessivamente romanceado); Charlize Theron interpreta a jovem esposa do instrutor Sunday - ela aparece em poucas cenas, mas, em pelo menos uma, a cena do bar, ela está fantástica; no papel de Jo, Aunjanue Ellis, pouco exigida. O filme é bacana, envolvente e faz a gente torcer ferradamente pelo protagonista (e "garrar ódio" pela hipocrisia da Marinha norte-americana que atraía os jovens negros para a instituição só para depois impedi-los de crescer dentro dela). Destaque para a cena da prova final do curso de mergulho e para a cena da audiência final, ambas eletrizantes. Eu curti e recomendo.

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