Filme do dia (217/2017) - "Katyn", de Andrzej Wajda, 2007 - Polônia, 1939. Cercada, de um lado pelo exército nazista alemão e, por outro, pelo Exército Vermelho, a Polônia desmorona como país ante à ocupação estrangeira. Os oficiais do exército polonês são levados a um campo de prisioneiros sob domínio soviético e, menos de um ano depois, executados e enterrados em valas comuns, dando início a uma disputa entre alemães e soviéticos acerca da responsabilidade pelo massacre, um apontando o outro como responsável.
Filme de guerra que foca em um momento bem preciso da Segunda Guerra (época do pacto de não-agressão entre Alemanha e URSS) e que desembocou no massacre de Katyn (região da Polônia onde os prisioneiros foram executados), a obra não "alivia" para qualquer dos lados, evidenciando que ambos, Alemanha e URSS, foram igualmente responsáveis pelos traumas gerados pelo referido massacre. A obra acompanha alguns personagens, todos poloneses: esposas, pais e filhos de oficiais e os próprios prisioneiros. Para os parentes, as notícias chegavam truncadas e as informações desencontradas. Interessante observar como as informações eram manipuladas e utilizadas para jogar a população contra a parte inimiga (suficientemente atual ou quer mais?). Também merece ser pontuado o trauma decorrente da guerra e a dificuldade em continuar a tocar a vida ante à tragédia - se alguns personagens conseguiram superar e continuar suas vidas, vários outros acabaram se sacrificando em nome de ideais ou, simplesmente, da verdade. O roteiro consegue entrelaçar histórias e personagens, mostrando, aqui e ali, desfechos e soluções para cada um deles. Há, ainda, a inclusão de cenas reais, o que pode incomodar os mais sensíveis. Mesmo as cenas fictícias são bastante incômodas e impactantes, o espectador tem de estar preparado. A obra é excelente e merece ser vista e apreciada. Recomendo.
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