“Kontinental ‘25”, de Radu Jude, 2025
- hikafigueiredo
- há 7 horas
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Filme do dia (121/2025) – “Kontinental ‘25”, de Radu Jude, 2025 – Orsolya (Eszter Tompa) é uma oficial de justiça que despeja de sua casa, na cidade de Cluj, um senhor que, em desespero, acaba se suicidando. Consumida pela culpa, Orsolya passa a buscar, entre conhecidos, apoio e acolhimento.

A obra, de origem romena, é uma suposta comédia dramática que aborda questões sociais, a crise habitacional, nacionalismo e xenofobia. Digo suposta porque humor, ali, não temos nem o cheiro. Com exceção de uma ou outra passagem, o texto é um amontoado de “piadas do tio de pavê”, uma mais sem graça do que a outra, isso quando fazem algum sentido. Talvez o texto ganhe algum outro significado na língua original, ou, ainda, a tradução do romeno para português tenha sido deficiente, mas, certo é, que, do jeito que está, o texto é completamente amorfo. Também tive a impressão de que alguma leitura do filme passa por um conhecimento mais aprofundado sobre a cultura, história e hábitos romenos – temos, por exemplo, uma grande sequência de planos de prédios e outras construções da cidade de Cluj, que, a mim, não disseram nada, mas que, talvez, para um romeno, tenha um significado até óbvio, vai saber. Mesmo a maneira como o sentimento de culpa de Orsolya é abordado e que, claramente, seria uma das fontes de humor, para mim não teve a graça esperada, muito embora tenha uma moralidade ambígua com algum potencial cômico. A procura da protagonista por apoio acontece em blocos – como os comuns esquetes cômicos -, cada qual fundamentado em um personagem que vão de um padre a um delegado, passando pela mãe de Orsolya e até um antigo aluno. Difícil dizer qual é mais constrangedor, mas o maior candidato é, sem dúvida, o bloco do aluno, possivelmente o mais longo – o que são aquelas “piadas” sobre monges? O texto, verborrágico, não tem cadência, nem é instigante, sendo só um falatório chato mesmo (que saudades da falação do Richard Linklater!). A narrativa é linear, em um ritmo moroso e maçante. A atmosfera é inexistente – o filme é insosso, não conseguiu despertar nada, nem emocional, nem racionalmente. Confesso que eu só queria que a obra chegasse logo ao fim para eu ir embora. Mesmo tecnicamente, não vi ali nada que merecesse algum destaque. O trabalho da atriz Eszter Tompa é, quando muito, correto, mas nada que chamasse muito a atenção. Não me pergunte como, o filme foi agraciado com o Prêmio de Melhor Roteiro no Festival de Berlim (como eu disse, talvez falte uma leitura mais específica sobre aquela realidade, porque não vi justificativa para esse prêmio!). Chato, chato, chato. Trigésimo sexto filme visto na 49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.



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