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"Liam", de Stephen Frears, 2000

hikafigueiredo

Filme do dia (177/2015) - "Liam", de Stephen Frears, 2000 - Década de 30, Inglaterra. Uma família católica vive de forma singela, mas amorosa, com o salário do pai. A situação se modifica quando o chefe da família perde o emprego.





A história perpassa por todos os membros da família, mas concentra-se com maior atenção na figura do pequeno Liam, o caçula, de sete anos. Enquanto a família anda às voltas com problemas financeiros, com o pai fazendo incursões em causas fascistas e destilando ódio contra judeus e irlandeses, o pequeno Liam só tem atenção para as questões religiosas, já que está às vésperas de sua primeira comunhão. A crítica ao catolicismo é evidente - o padre é representado como uma figura quase maléfica, arrancando dízimo das famílias miseráveis, assustando as crianças com imagens aterrorizantes do inferno, enchendo todos ao redor de culpa e medo. Aliás, diria que o filme gira em torno da culpa, a qual aparece diversas vezes, em diferentes situações. Há, também, uma crítica ao fascismo e como ele se aproveita do desespero das pessoas para se instalar e florescer. Gostei bastante da parte técnica do filme - a forma como o diretor demonstra o jovem Liam se remoendo de culpa e medo em uma missa, através de uma câmera trêmula e baixa (contra-plongée), mostrando as imagens de Jesus e dos santos com uma assustadora luz vermelha, aproximando-se do espectador de forma ameaçadora, é ótima! Bela fotografia e direção de arte. O roteiro é interessante e se desenvolve bem, apesar de senti-lo não tão objetivo por tratar de vários temas diferentes ao longo do tempo, mas não chega a comprometer o resultado final. Ótimas interpretações, em especial de Claire Hackett (a mãe), Ian Hart (o pai), Megan Burns (a filha Teresa) e o expressivo Anthony Borrows, como Liam, uma gracinha! Gostei e recomendo para quem curte dramas familiares.

 
 
 

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