Filme do dia (279/2021) - "Maligno", de James Wan, 2021 - Madison (Annabelle Wallis) começa a ter visões de terríveis assassinatos. Chocada, descobre que o que ela vê são imagens de mortes acontecendo em tempo real. Seu envolvimento no primeiro assassinato, coloca-a como a principal suspeita, motivo pela qual ela precisa entender o que está ocorrendo para provar sua inocência.
Super aclamado por crítica e público, fui assistir a esse filme no auge da animação. Pode ser que aí tenha residido meu erro. Ou não. Certamente há méritos na obra - ela mistura diferentes estilos de filme de horror que vão do slasher ao terror psicológico, sem deixar de enveredar por cenas de jumpscare e outras parecidas saídas de um filme de super herói. Em outras palavras, o formato escolhido pelo diretor Wan é ousado e criativo na medida em que mescla os mais diversos elementos. Por outro lado, o roteiro não me causou qualquer surpresa e pouco ou nada do que vi eu não cantei a bola com muita antecedência - o que geralmente é péssimo para uma história com forte tendência ao suspense. O grande enigma proposto pelo filme é se tudo que acontece é, em parte, causado pela imaginação da protagonista. Sorry, mas nesse quesito "realidade versus imaginação" as obras "Os Inocentes" (1961) e "Desafio do Além" (1963) chegaram ao extremo da perfeição e, em comparação, "Maligno" não chega nem aos pés. Os filmes mencionados também operam com a dubiedade entre o sobrenatural e o, digamos, terreno, o que também é trabalhado nesta obra aqui, mas, não me senti atiçada pela dúvida, porque, para mim, o suposto mistério não funcionou e eu praticamente intuí boa parte da história. A narrativa é não linear e beira o caos, principalmente por conta das várias intervenções das visões de Madison (mas não só por elas). O ritmo é ágil e crescente - o terço final não perde para nenhum filme da Marvel. A atmosfera é tensa, em especial no primeiro terço (para mim a obra funcionou muito bem até eu "sacar" o mistério - após isso, com a confirmação das minhas suspeitas, ela começou a ficar morna, com jeito de requentada e minha tensão despencou a níveis abissais). O que o roteiro me frustrou, a forma me surpreendeu - há um esmero técnico que vai da fotografia à direção de arte. Temos, aqui, de tudo um pouco: posicionamentos de câmera sofisticados, como a cena de plongée absoluto onde Madison foge pela casa e que eu achei incrível e instigante; planos detalhes angustiantes, cheios de intenções; movimentos de câmera que acompanham ações sobre-humanas. Tudo isso colabora para um visual quase rebuscado, mas que traz força ao filme. Os efeitos especiais são, majoritariamente, ótimos (okay, tem algumas cenas de Gabriel que deixam um pouco a desejar, mas, no cômputo geral, os efeitos são muito bons). As sangrentas cenas dos assassinatos nos remetem aos giallos italianos (que é um estilo que eu não curto muito, mas, para quem curte, é um prato cheio), assim como as cenas em que aparecem um espectro negro reportam diretamente aos filmes de terror japoneses como "Ringu"(1998) e "Ju-On" (2000) - como eu mencionei, a obra é riquíssima em referências, residindo aí seu maior mérito. Bom... daí tem o elenco... como é de praxe em boa parte dos filmes de terror, o elenco é composto por muitos desconhecidos que ainda precisam comer muito feijão para se tornarem grandes profissionais, logo, pode-se esperar bastante canastrice ao longo da obra. A protagonista é interpretada por Annabelle Wallis, fraquinha, mas muito melhor que Maddie Hasson que interpreta a irmã Sidney ou George Young no papel do Detetive Kekoa. Nome famoso aí só a maravilhosa Zöe Bell numa ponta bizarra como presidiária. Enfim, o filme não me atingiu como eu esperava e vi, recentemente, muitos outros "terrores" mais instigantes (tipo "Hagazussa" (2017), "O Ritual" (2017), "Hereditário" (2018), "Midsommar" (2019), "Relic" (2020), dentre outros). Em todo caso, talvez quem não tenha o péssimo hábito de antever o que vai acontecer consiga se divertir mais do que eu - ou seja, vale a pena arriscar.
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