Filme do dia (207/2016) - "Martin", de George Romero, 1976 - Martin (John Amplas) é um jovem que vai viver com seu primo bem mais velho. Seus familiares têm a crença de que a família sofre uma maldição e alguns de seus membros são vampiros. Martin segue a tradição e, de tempos em tempos, alimenta-se de sangue humano. Seu primo, por seu lado, hostil ao jovem, o avisa: ele está proibido de atacar qualquer pessoa daquela cidade.
Considerado um dos filmes de vampiro mais naturalistas da história do cinema, a obra desmonta toda a "liturgia" acerca dos vampiros - Martin entra em igrejas, segura crucifixos, come alho e vê seu reflexo no espelho... seus dentes são normais, ele não tem qualquer efeito mágico sobre as mulheres, não dorme em caixões e sai normalmente à luz do dia... suas únicas diferenças com os humanos é sua longevidade - ele afirma ter 84 anos - e seu hábito de beber sangue humano. Da mesma maneira, tirando o sangue cenográfico, o filme não conta com qualquer efeito especial ou maquiagem específica - Martin aparenta absoluta normalidade. Além do naturalismo do personagem, a obra também explora suas questões psicológicas - Martin questiona-se constantemente acerca de sua condição; não que o personagem sofra dilemas éticos - ele apenas pensa sobre sua situação, sua timidez, sua dificuldade no trato social, demonstrando ser, ele, muito mais humano do que poderiam pensar. Quanto à forma, o filme segue uma estética bem setentista - do figurino à fotografia "chapada", da falta de cuidado técnico à trilha sonora deslocada, passando por interpretações forçadas, é evidente que estamos vendo um filme B, de baixíssimo orçamento, bem ao gosto dos anos 70. O maior mérito do filme é mesmo a caracterização do vampiro como alguém que se aproxima de um desvio psicológico mais do que uma real condição extra-humana. Não espere ficar com medo ou levar qualquer susto - isso não vai acontecer. Obra para público restrito, recomendo só para quem tem interesse especial pelo tema e quer conhecer mais da história do cinema de terror.
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