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  • hikafigueiredo

"Miracle Mile", de Steve De Jarnatt, 1988

Filme do dia (09/2022) - "Miracle Mile", de Steve De Jarnatt, 1988 - O romântico Harry (Anthony Edwards) conhece Julie (Mare Winningham) e identifica nela a "garota ideal". Imediatamente apaixonado, ele marca um encontro com a moça, mas se atrasa e acaba, no meio da madrugada, sozinho, no café onde ela trabalha. Ele atende uma chamada no telefone público local e, com horror, recebe uma suposta notícia sobre um ataque nuclear mundial iniciado pelos EUA.





Após um período de distensão, os EUA têm uma retomada do militarismo e um recrudescimento das relações com o bloco socialista durante o período Reagan, trazendo de volta a paranoia nuclear, tema desta obra tipicamente oitentista. Focando no personagem Harry, o filme acompanha o que seriam as últimas horas do protagonista ao saber de um iminente ataque atômico ao país. Apaixonado, Harry prefere investir seu tempo em salvar a garota amada ao invés de tentar por a salvo sua pele solitária. A narrativa apresenta, então, as reações das pessoas diante da possibilidade de um ataque nuclear global que, certamente, destruiria a tudo e a todos: indo da incredulidade à histeria, os personagens reagiriam de diferentes formas e, dentre estas, temos a reação de Harry, um verdadeiro tributo ao amor. A narrativa é linear, quase em tempo real, e permanece quase exclusivamente acompanhando as ações do protagonista. O ritmo é intenso e crescente. O que, para mim, ganha destaque no filme - nem sei se positiva ou negativamente - é a atmosfera nele imprimida. Se o filme inicia num tom romântico, característico dos filmes adolescentes da década de 80, ele ganha ares ambíguos no decorrer da trama - existe uma leveza, um tom farsesco diante da possibilidade de ser tudo um equívoco, um trote, uma piada de mau gosto. Assim, a atmosfera mantém-se tênue, quase pueril, até seus minutos finais, quando a tragédia se anuncia mais fortemente e, daí, ganha um peso sufocante e deprimente. Não sei exatamente qual foi a intenção do diretor - talvez ele tenha intentado chocar os espectadores, pegando-os desprevenidos -, mas, na minha percepção, o filme não encontrou seu tom - ou, possivelmente, a atmosfera criada não se alinhou ao que EU espero para um filme com esta temática. Tecnicamente, é um filme bem padrãozinho "produção média hollywoodiana" - tudo muito convencional, a fotografia com jeitão de publicidade (muito típico daquela década), trilha sonora eletrônica (também bem marcante na época), assinada pela banda Tangerine Dream e diálogos que alternam "okay" com "sofrível". No elenco, dois atores que fizeram algum sucesso naquele tempo: Anthony Edwards (que fez o papel de Dr. Greene em "Plantão Médico") como Harry, numa interpretação pouco convincente na minha opinião, talvez pelo tom farsesco já mencionado; e Mare Winningham (que atuou em vários filmes adolescentes na época, como "O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas", 1985), que também não me conquistou - sei lá, tudo me pareceu muito superficial e raso. Não vou dizer que a obra não segurou minha atenção, mas isso aconteceu um pouco pela curiosidade de aonde o filme iria chegar, já que achei um tanto bizarro o tema vinculado àquela atmosfera de filme adolescente oitentista. Não detestei, mas fiquei longe de gostar dele. Esquisitinho. Vejam por sua conta e risco.

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