Filme do dia (175/2015) - "Mommy", de Xavier Dolan, 2014 - Diane (Anne Dorval) é mãe de Steve (Antoine-Olivier Pilon), um adolescente de quinze anos com um sério TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade). O jovem é expulso de uma clínica ao incendiar a cafeteria e sua mãe é obrigada a assumir a responsabilidade pelo rapaz. Entre os acessos de fúria periódicos do garoto, Diane conhece Kyla (Suzanne Clément), uma vizinha que se oferece para ajudar a família.
Neste incômodo filme que trata da patologia TDAH e das relações familiares decorrentes do distúrbio, fui tomada por sentimentos bastante contraditórios em relação aos personagens, que vão da piedade à irritação extrema. O personagem Steve alterna momentos de doçura com outros de ira e violência, ocasião em que quebra tudo (e todos) ao seu redor. Diane, não muito paciente e nada estável na forma como trata a questão, tenta lidar da melhor maneira com a doença do filho. A alternância de humores de ambos - posto que Diane tem um gênio forte que não a ajuda em nada a enfrentar o transtorno de Steve com algum equilíbrio - causa mal estar no espectador que, se por um lado sente compaixão pelo jovem e pela sua mãe, por outro se choca com o grau de agressividade extrema alcançado. A solução encontrada (sem spoilers) causa indignação, mas "pimenta no olho do outro é refresco". A personagem Kyla faz um contraponto entre mãe e filho, mas, ao final, mostra-se inócua para proporcionar o real equilíbrio. É um filme onde a empatia com o outro conta muito. As interpretações de todos os atores estão muito boas, mas o destaque fica por conta de Antoine-Olivier Pilon que faz um Steve visceral, furioso, e, ao mesmo tempo, doce, carente e amoroso. Sim, é muita contradição!!! A câmera, sempre muito próxima do rosto dos personagens, causa uma certa "falta de ar", uma sensação de claustrofobia, uma necessidade de "espaço vital", é bem interessante. A trilha sonora também destaca-se, muito boa (até para mim que sou "surda" para cinema). Eu curti e aconselho, mas prepare-se para uma boa dose de mal estar.
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