Filme do dia (185/2021) - "Morgiana", de Juraj Herz, 1972 - Klara e Viktoria (Iva Janzurová) são duas irmãs gêmeas de personalidades opostas. Quando o pai das moças morre, Viktoria planeja a morte de Klara para ficar com toda a herança.
Nesse terror gótico tcheco, temos a velha história de irmãos fisicamente idênticos, mas de personalidade e caráter opostos, bem ao estilo "Ruth e Raquel". Se o argumento não é original, a condução sólida da narrativa compensa esse fato e entrega uma obra com linguagem cinematográfica e estética criativas e ousadas. A opção por usar pontos de vista diversos - por vezes a câmera assume o ponto de vista de Morgiana, a gata de Viktoria, em outros momentos assume o olhar de Klara, quando ela está alucinando - abre a possibilidade de inovar e brincar com as imagens, utilizando diferentes formatos de lente, como grande angulares, ou, ainda, usar filtros e cores diversas, criando visões distorcidas e muito coloridas. A narrativa é linear, em ritmo moderado, mas crescente. A atmosfera é de suspense e tensão, como era de se esperar. Dada a dicotomia das personagens Viktoria e Klara, não surpreende o maniqueísmo da história - Viktoria como vilã plena, Klara como um anjo de candura. A obra traz, ainda, uma estética diferenciada, remetendo à Belle Époque - os figurinos, cabelos e maquiagem são fantásticos, parecem verdadeiras pinturas. Iva Janzuravá consegue marcar bastante as diferenças entre as duas irmãs que, embora idênticas, optam por estilos bem diversos - enquanto Klara tem um estilo mais suave e jovial, Viktoria mostra-se exuberante, com roupas mais vistosas (sempre escuras) e maquiagem carregada. No elenco, ainda, Petr Cepek como Glenar, Nina Divisková como Otylie e Joséf Abrhám como Marek. O filme é interessante, ainda que marque mais pelo formato do que pelo conteúdo, e foi agradável de assisti-lo. Valeu a visita.
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