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  • hikafigueiredo

“Mulher de Verdade”, de Preston Sturges, 194

Filme do dia (20/2023) – “Mulher de Verdade”, de Preston Sturges, 1942 – Após cinco anos de casamento, a bela Gerry (Claudette Colbert) encontra-se cansada da pobreza do casal. Ainda apaixonada pelo marido Tom (Joel McCrea), ela o abandona e parte para Palm Beach onde pretende se divorciar para, depois, arrumar um marido rico. No caminho, conhece John D. Hackensacker III, um bilionário, que se apaixona pela jeito tresloucado de Gerry. Mas Tom não está convencido de que Gerry não o ama mais e parte em busca da esposa.





Mais uma comédia maluca de Sturges, aqui bastante alicerçada no romance, a narrativa foca na apaixonada, porém decidida Gerry. Como é comum nas “screwballs comedies, a personagem feminina é uma mulher forte, nada convencional e que toma em mãos a rédea de sua vida, sem esperar que seu “príncipe encantado” a salve dos perigos (mesmo que, no caso, ela esteja atrás de um marido provedor rico). Outra forte característica das comédias malucas, aqui também temos a troca de identidades, ou seja, alguém se passando por quem não é, pois, a certa altura, Gerry apresentará Tom a John dizendo ser, o primeiro, seu irmão, ao invés de seu marido. Confusões e situações absurdas e inverossímeis irão marcar toda a narrativa, divertidíssima por sinal. Existe, aqui, uma critica relativamente sutil ao estilo de vida fútil dos milionários, muito embora estes sejam apresentados como pessoas simpáticas e de boa índole – aliás, algo que marca bastante a obra é a inexistência de um antagonista, pois todos os personagens são “gente boa”, cada um a seu jeito. O diretor – também roteirista – mais uma vez brinca com temas espinhosos para a época, no caso, a questão do divórcio que, nos idos de 1940, não era algo muito bem-visto. Aqui não temos, por outro lado, o apelo da comédia física – ninguém é desastrado e cai, tromba, ou se choca com as coisas, ao contrário dos filmes do diretor já vistos recentemente. A narrativa é linear, em ritmo intenso, como é de praxe em “comédia de erros”. A atmosfera é levíssima por toda a duração da obra, sem qualquer ponto de tensão. Achei a química entre Joel McCrea e Claudette Colbert perfeita, ambos fazem um casal adorável e aproveitam muito bem a veia cômica de cada um. No elenco, ainda, o cantor Rudy Vallee interpreta o milionário John D. Hackehnsacker III, e, embora não seja ator profissional, saiu-se muitíssimo bem no papel, entregando um John meio “engessado” pelas convenções sociais, mas extremamente simpático. Mary Astor interpreta a Princesa Maud Centimillia, irmã de John, uma colecionadora de maridos, escândalo socialmente tolerado graças aos milhões na conta bancária da personagem. A obra é bastante divertida e, para mim que não conhecia o diretor, vai cimentando seu talento para comédias românticas. Gostei demais e recomendo.

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