Filme do dia (371/2020) - "Mulheres Alteradas", de Luis Pinheiro, 2017 - Quatro mulheres, bastante diferentes entre si, precisam aprender a vencer os desafios e os dilemas pelos quais passam em suas diferentes fases da vida.
Baseado na obra da cartunista Maitena, o filme promete ser uma incursão ao universo feminino , retratando os problemas e desafios pelos quais as mulheres passam ao longo de suas vidas. Promete, né, mas cumpre só pela metade. Isso porque, na minha opinião, as situações vividas pelas personagens são bastante irregulares e temos desde o básico da maternidade até acontecimentos irreais, que em nada lembram o que acontece de fato nas nossas vidas. Apesar de conhecer a obra de Maitena - e gostar dela, inclusive, motivo pelo qual quis ver o filme -, achei que algumas situações foram exageradas ao extremo para extrair comicidade, trazendo artificialidade para o filme e para as personagens. Acredito que esse seja o maior problema da obra - a necessidade de trazer comicidade a situações que, na vida real, não têm qualquer graça. Também desconfio que algumas piadas que funcionam no cartoon, talvez não funcionem da mesma forma em filme - e, possivelmente, o diretor não tenha tido a sensibilidade para perceber o que deveria entrar na obra e o que deveria ficar de fora por este motivo. Assim, enquanto a personagem Sônia é bastante verossímil, retratando com fidedignidade o que acontece com mães de crianças pequenas, e a personagem Keka mostre uma mulher tentando salvar seu casamento em ruínas, também de maneira razoavelmente verossímil, a personagem Marinati é extremamente caricata e Leandra é mostrada de maneira por demais superficial (aliás, quase não aparece no filme). O roteiro se desenvolve aos trancos, ele não flui com suavidade, muito provavelmente por querer dar coesão a uma infinidade de diferentes cartoons que não se coadunam na obra de Maitena. Gostei da fotografia do filme, há vários planos diferentes e criativos, assim como a direção de arte, trazendo muitas cores, bem saturadas, para os ambientes e figurinos. Adorei a trilha sonora, muito bem escolhida, trazendo inclusive a música "Que loucura!", da Rita Lee (da época do Tutti Frutti), esquecida no passado e ainda hoje ótima!!!! No elenco, Mônica Iozzi é quem está mais natural, no papel de Sônia, assim como Deborah Secco está relativamente bem como Keka. Alessandra Negrini interpreta Marinati e, ainda que ela se esforce, a personagem não ajuda - é exagerada, caricata, histriônica, nossa, detestei a condução desse arco - e, pior, é o que toma mais espaço no filme. E Maria Casadevall interpreta Leandra, que mal aparece na história - uma pena, pois poderia render boas situações. Eu deveria ter desconfiado que o filme não seria grande coisa ao me deparar com o selo Globofilmes - é incrível como essa marca, como um Rei Midas ao contrário, transforma em lixo tudo o que toca... A obra é fraca, tem problemas de roteiro e direção e nem os acertos técnicos e o esforço do elenco salvam o filme do naufrágio. Querem conhecer a obra de Maitena? Comprem os livros.
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