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hikafigueiredo

"Neste Canto do Mundo", de Sunao Katabuchi, 2016

Filme do dia (321/2020) - "Neste Canto do Mundo", de Sunao Katabuchi, 2016 - Japão, 1935. A pequena Suzu Urano já demonstra seu talento para o desenho e guarda uma paixão secreta pelo amigo Tetsuo. Anos depois, em 1943, Suzu, com dezoito anos, é pedida em casamento por Shusako, um rapaz de uma cidade próxima, Kure, que conhecera Suzu quando criança e se apaixonara desde então. Mesmo sem se lembrar de Shusako, Suzu aceita o pedido e casa-se com ele, mudando para Kure, onde passa a viver junto com a família de Shusako.





Nesta traumática animação japonesa, temos um retrato do cotidiano japonês antes e durante a Segunda Guerra Mundial, ao acompanharmos cerca de 13 anos da vida de Suzu, da sua infância até sua vida adulta. Este é um daqueles filmes que existem para lembrar que animações nem sempre são produzidas para crianças e podem trazer cenas extremamente perturbadoras para os espectadores. A obra é triste em níveis imperdoáveis, só perdendo neste quesito para o ainda mais traumático "O Túmulo dos Vagalumes" (1988). Acho que não existe, no mundo, povo mais marcado pela guerra do que o japonês e suas obras relacionadas ao tema são, sempre, extremamente dramáticas e viscerais (nada a ver com o melodrama barato do cinema norte-americano; são narrativas cruas, onde sentimos, na alma, a sinceridade daquele drama). Talvez por acompanhar um período grande da vida da protagonista, ou, ainda, por uma certa incapacidade minha em guardar nomes japoneses, tiveram momentos em que eu fiquei um pouco confusa acerca de quem os personagens estavam falando, mas, no geral, consegui acompanhar a história sem grandes percalços. A narrativa é majoritariamente linear, mas com grandes "pulos" de tempo, que vão se tornando cada vez menores à medida em que nos aproximamos da data da explosão da bomba de Hiroshima (de 1944 a 1945, a narrativa passa a acompanhar, mês a mês, a vida de Suzu). A atmosfera é melancólica, chegando a ser dolorosa em alguns trechos. O traço do filme é de anime tradicional, apesar de algumas cenas em que outros traços foram usados, em especial na cena do "acidente" sofrido por Suzu (sem spoilers). Eu achei o desfecho um pouco abrupto, principalmente pela inclusão, nos 45 minutos do segundo tempo, de uma nova e surpreendente personagem, que merecia um pouco mais de espaço na trama (sem spoilers de novo). A animação é linda... mas tão triste que corrói a alma. Indico para quem não tem pudores de se esvair em lágrimas ou, pelo menos, sofrer pesadamente por conta de uma animação. PS - Ganhou tudo o que foi prêmio nos festivais por onde passou, dentro e fora do Japão... mas nem foi mencionado no Oscar... por que será, né????

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