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hikafigueiredo

“O Açougueiro”, de Claude Chabrol, 1970

Filme do dia (74/2023) – “O Açougueiro”, de Claude Chabrol, 1970 – A jovem e bela professora Hélène (Stéphane Audran) desenvolve uma improvável amizade com Popaul (Jean Yanne), o açougueiro da pequena e provinciana cidade onde vivem, a qual passa por uma terrível e bárbara onda de assassinatos.





Em formato de thriller, a obra de Chabrol discorre sobre o amor que não se concretiza, gerando sentimentos de angústia e frustração naqueles envolvidos pelo afeto surgente. De um lado, temos a professora que, após passar por uma má experiência, nega-se ao apego, evitando, a todo custo, desenvolver nova paixão por quem quer que seja; de outro, o açougueiro, que, tendo vivenciado várias guerras quando no exército, mostra-se traumatizado pelas suas vivências e profundamente carente de afeto e atenção. Entre eles, uma amizade nascente, mas insuficiente para confortar o coração apaixonado do açougueiro que, muito embora busque a reciprocidade da professora, é gentilmente rejeitado pela amada reprimida. Enquanto os sentimentos dos dois amigos se desencontram, uma série de assassinatos começa a ocorrer na região, alertando os moradores e a polícia, que passa a investigar o caso. A narrativa é linear, em ritmo moderado, por vezes até lento, ajudando na criação de clima e expectativa. A atmosfera é confortável até acontecer o primeiro assassinato, momento em que surge uma tensão crescente e perturbadora. A fotografia, aliada ao desenho de produção, é de um colorido suave, quebrado em pouquíssimas ocasiões pelo vermelho do sangue das vítimas. O elenco traz Stéphane Audran, musa absoluta e esposa de Chabrol, atriz cujo olhar blasé e elegância rivaliza quase em pé de igualdade com Catherine Deneuve, o que a faz perfeita para interpretar mulheres que escondem informações, segredos ou sentimentos indizíveis. Aqui, Audran, maravilhosa, interpreta a professora Hélène, a qual se reprime por medo de sofrer novas desilusões, mas guarda por Popaul afeto genuíno e sincero. Jean Yanne, por sua vez, traz um trabalho convincente como o simpático açougueiro, o qual se desdobra em gentilezas e atenção para Hélène. Os destaques ficam por conta da cena da excursão às cavernas, principalmente após o momento do lanche das crianças, e pela longa cena final, construída com esmero e rigor pelo diretor, despertando uma torrente de sentimentos e sensações no espectador. Filme maravilhoso, outra obra prima de Chabrol, recomendo DEMAIS!!!!!

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