- hikafigueiredo
"O Arco", de Kim Ki-Duk, 2005
Filme do dia (42/2016) - "O Arco", de Kim Ki-Duk, 2005 - Uma menina é encontrada por um homem de meia-idade, o qual passa a criá-la em um barco, no meio do oceano. Dez anos se passam e o homem, já idoso, sonha em se casar com a garota no aniversário de 17 anos dela. Dias antes, no entanto, chega ao barco um adolescente que quebrará o equilíbrio existente entre o velho e a jovem.

O melhor termo para descrever esse filme acredito que seja "poético". O segundo melhor, "silencioso". Esta é uma obra curiosa e que eu não indicaria para muita gente. Sem dúvida é de um lirismo raro, mas seu ritmo extremamente lento, os movimentos quase ritualísticos e o silêncio dos personagens principais, certamente não agradarão todos os tipos de público. Há, aqui, que se "embarcar" no clima, há que se sentir a história mais que compreendê-la nos mínimos detalhes. Eu gostei bastante do filme, ele me fez sentir quase hipnotizada, mas tenho a sensação de, racionalmente, não ter alcançado todos os meandros da história. Visualmente é um belo filme - além de uma fotografia muito bonita, temos, ainda, os movimentos praticamente coreografados dos dois personagens principais. A montagem é suave, com longos planos e câmera sempre estática. Os atores abusam dos olhares e da linguagem corporal, uma vez que eles não soltam nenhuma - NENHUMA mesmo! - palavra durante todo o filme - ainda assim, não causa estranhamento, sugerindo que as palavras são dispensáveis entre os dois. O silêncio também marca outra obra do diretor "Primavera, Verão, Outono, Inverno... e Primavera", igualmente lento e poético. A música instrumental também marca a obra e, na quase ausência de falas, torna-ser onipresente e ajuda na hipnose que o filme induz. Bom.... a obra é uma bela experiência sensorial e, se você não se importa com ritmo bem lento, talvez curta o filme.