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"O Balconista", de Kevin Smith, 1994

hikafigueiredo

Filme do dia (340/2020) - "O Balconista", de Kevin Smith, 1994 - Dante (Brian O'Halloran) é um jovem de 22 anos que trabalha como balconista em uma loja de conveniência. Seu melhor amigo é Randal (Jeff Anderson), o qual trabalha como balconista em uma vídeo-locadora, conexa à loja de conveniência. Ao longo de um dia, os dois amigos passarão por toda a sorte de problemas envolvendo amigos e clientes dos dois estabelecimentos.





Primeiro longa-metragem do diretor, a obra se tornou um "cult movie" entre a juventude da época, especialmente aquela identificada como "nerd". Usando pouquíssimos recursos - reza a lenda que a loja de conveniência onde o filme se passa é a mesma onde o Kevin Smith trabalhava na época -, a obra consegue extrair água de pedra e se torna uma produção divertida e, acima de tudo, próxima do público alvo, o qual se identifica com as questões banais e cotidianas apresentadas ao longo da história e que vão de problemas com clientes, crises de ciúmes da namorada, à discussão com o melhor amigo. O filme se apresenta como vários pequenos esquetes, uns após os outros, separados por títulos, estrutura inspirada na obra "A Divina Comédia", de forma que acompanhamos os "nove círculos" do inferno pessoal do protagonista. Seguindo a linha das obras de Quentin Tarantino, os diálogos discorrem sobre temas aleatórios e questões pessoais sem qualquer profundidade, algo que se espera de dois jovens bastante perdidos quanto à condução de suas vidas, percebidas como vazias e sem significado. A narrativa é linear, o ritmo é ágil e a atmosfera é ligeiramente depressiva por conta do estado de espírito de Dante que não se cansa de reclamar da vida que leva e do trabalho que odeia (mas que não encontra ânimo para largar), o que, surpreendentemente, traz um elemento cômico a reboque. Filmado em P&B, a obra lembra um pouco um filme caseiro, muito embora não siga a linha do "found footage" (câmera na mão). Merece destaque a trilha sonora de qualidade, repleta de rock "indie", de bandas como Alice in Chains e Supernova, dentre outras. As interpretações são bastante amadoras - a minha impressão é que Kevin Smith chamou os "parças" dele para atuarem junto com ele, que interpreta o personagem Silent Bob -, mas isso não tem qualquer efeito negativo no filme, ao contrário, faz com que os personagens se tornem ainda mais próximos do espectador, quase um "bróder" - Brian O'Halloran, como Dante, consegue passar uma mistura de rabugice com desalento e é impossível não simpatizar com o personagem; já Jeff Anderson, como Randal, puxa mais para um certo niilismo, um espírito mais livre de convenções e que está pouco se importando com o que acontece ao seu redor. O filme é jovial e divertido, eu gostei bastante e recomendo como alternativa despretensiosa e leve.

 
 
 

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