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hikafigueiredo

"O Barato de Grace", de Nigel Cole, 2000

Filme do dia (315/2021) - "O Barato de Grace", de Nigel Cole, 2000 - Após o suicídio de seu marido, a viúva Grace (Brenda Blethyn) vê-se tremendamente endividada. Correndo o risco de perder sua residência para o banco, Grace procura desesperadamente uma solução. É quando Matthew (Craig Ferguson), seu antigo funcionário, surge pedindo ajuda da viúva para salvar a muda de uma planta - um pé de maconha.





Nessa comédia tipicamente inglesa - ou seja, com humor contido, inteligente e alicerçado em situações -, encontramos a personagem Grace, uma dona-de-casa de meia idade, viúva e sem filhos, cuja paixão é a jardinagem, em uma difícil situação financeira. Completamente "quebrada", ela é obrigada a dispensar seu funcionário Matthew, o que é insuficiente para resolver seus problemas. Quando Matthew surge suplicando ajuda para curar uma muda de maconha, Grace vê uma oportunidade de sair do vermelho. O humor surge da insólita situação de uma mulher como Grace, sempre atrelada ao bom comportamento e dentro da lei, enveredar pelo crime, mesmo sem ter exatamente essa intenção. A obra faz uma não tão discreta apologia do consumo de drogas leves, mais especificamente da maconha, ainda que tenha o cuidado de diferenciar consumo de produção em larga escala - acredito que o "posicionamento oficial" do filme siga a linha da posição da personagem Nick, que diz que consumir é "okay", mas comercializar não. Evidentemente que a conduta de Grace trará consequências, abrindo um leque enorme de alternativas ao roteiro (sem spoilers). O roteiro é muito bem desencadeado e não cai em soluções assim tão óbvias, ainda que o desfecho seja um pouco... inusitado. A narrativa é linear, em ritmo bem marcado e crescente, com um clímax no mínimo delicioso. A atmosfera é leve, divertida, num tom ligeiro. O filme tem um formato bastante convencional, sem grandes ousadias no que se refere à linguagem. A fotografia tem dois momentos - um prólogo, onde seguimos o cortejo do marido de Grace, em tons frios, azulados, e o resto do filme, em tons quentes, pendendo para o amarelo. Planos, posicionamentos e movimentações de câmera ousam pouco, mantendo-se dentro do mais comum. A direção de arte é competente em mostrar como Grace é uma típica senhora inglesa, sem modernismos de qualquer espécie, o que ajuda a criar comicidade na trama. A protagonista é interpretada pela ótima atriz Brenda Blethyn (que, anos antes, fora agraciada com o prêmio de Melhor Atriz em Cannes e o Globo de Ouro na mesma categoria por seu trabalho em "Segredos e Mentiras", 1996), que faz uma Grace que tenta se reencontrar num mundo que não mais existe como o conheceu e que está disposta a lutar para manter, ao menos, seu espaço pessoal. Por sua atuação, Brenda foi indicada ao Globo de Ouro de Melhor Atriz em Comédia. No papel de Matthew, o ator Craig Ferguson - o personagem é uma simpatia, completamente desencanado e irresponsável, mas dono de uma grande coração e cheio de boas intenções e Ferguson está ótimo no personagem. No elenco, ainda, Martin Clunes como o médico da cidade; Valerie Edmond como Nick, namorada de Matthew; Tcheky Karyo como Jacques Chevalier. O filme é destes delicinhas, que faz o tempo passar rápido e deixa gosto de quero mais. Eu adoro! Recomendo.

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