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"O Casal Osterman", de Sam Peckinpah, 1983

  • hikafigueiredo
  • 11 de abr. de 2020
  • 3 min de leitura

Filme do dia (143/2020) - "O Casal Osterman", de Sam Peckinpah, 1983 - John Tanner (Rutger Hauer) é um influente entrevistador de televisão que, subitamente, é envolvido em uma operação da CIA para atrair e cooptar espiões da KGB infiltrados nos EUA, dentre os quais, três amigos do próprio Tanner.





Iniciando uma maratona de Sam Packinpah, já adianto: o único filme que conhecia do diretor era "Sob o Domínio do Medo" (1971), o qual ainda teria de rever para tecer qualquer comentário. Então, às cegas, me lancei na empreitada, começando com o interessante "O Casal Osterman". O filme trata, antes de tudo, de jogos e estratégias relacionados à alta espionagem envolvendo os EUA e a antiga URSS. Bom... eis um assunto que eu, geralmente, acho um porre. Mas vamos lá. A obra começa com uma discussão entre o manda-chuva da CIA e um espião subordinado acerca de uma determinada operação da agência - por mais atenção que eu tenha tido, a discussão me pareceu quase incompreensível e entendi apenas superficialmente do que eles tratavam. Na hora , tive a impressão de ser um defeito do roteiro, achei péssimo. Mas, ao longo da narrativa, acabei me dando conta que aquela compreensão superficial de início era proposital. A ideia era que o espectador realmente apenas tateasse o assunto. Essa sensação de "what a fuck está acontecendo?" permanece por muito tempo, mas, aos poucos, vai se dissipando, até, finalmente, ser revelado o seu significado - bem em meio a um tremendo plot twist. Demorou - muito - para eu me envolver com a história, para ser exata, mais de uma hora. Mas, engraçado, passado esse início extremamente árido, comecei a gostar do que estava vendo e me perguntar onde aquilo daria. Então, vale a pena assistir à obra até o fim. A narrativa discorre sobre a manipulação midiática e governamental e de como pessoas comuns são meros joguetes nas mãos do poderosos - quaisquer que sejam eles. Apesar do tema bastante atual, ele vem no bojo de uma dicotomia EUA-URSS extremamente ultrapassada, o que lhe dá um ar muito datado. Como já explicitei, o roteiro começa confuso, quase incompreensível, mas isso vai se resolver até o final - diria que o roteiro é bem melhor do que aparenta num primeiro momento. O ritmo, da mesma forma, começa moroso, lento para um filme norte-americano, mas ganha velocidade e termina com um ritmo convencional para o gênero. A forma - well... aqui entramos de cabeça no sentido de "datado". Tudo no filme é muito datado, desde a fotografia "lavada" até a musiquinha de saxofone horrível, que me fez ter vontade de furar meus próprios tímpanos - pela deusa, ninguém merece. Muito, mas muito melhor, foi a escolha de elenco, repleto de atores muito bons (só os atores, porque as atrizes foram sofríveis) - No papel de John Tanner o ícone Rutger Hauer - ele sempre foi um ótimo ator e aqui está realmente muito bem; no papel do espião Fassett, outro ator incrível, John Hurt, que está ainda melhor do que Hauer; Dennis Hopper interpreta o Dr. Tremayne, papel que não estava à sua altura e pouco exigiu de seu talento; Chris Sarandon interpreta "Joe" Cardone - bom... sempre achei esse ator meio canastrão e só gosto dele em "A Hora do Espanto" (1985); Craig T. Nelson faz Bernard Osterman e está bastante bem no papel; das atrizes, a que tem mais relevância é Meg Foster, fraquíssima. Olha... o filme não é ruim... mas é bastante datado, é uma obra que envelheceu mal, por isso deve agradar mais o espectador mais velho e desagradar o público mais jovem. Em todo caso, vale para quem quer conhecer um pouco do trabalho do diretor.

 
 
 

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