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  • hikafigueiredo

"O Enigma do Poder", de Abel Ferrara, 1998

Filme do dia (75/2022) - "O Enigma do Poder", de Abel Ferrara, 1998 - Em um futuro próximo controlado por grandes corporações, Fox (Christopher Walken) e X (Willem Dafoe) são contratados por uma empresa para afastar um importante cientista de uma corporação rival. Para tanto, eles contratam a prostituta Sandii (Asia Argento) para conquistar o cientista e convencê-lo a abandonar sua pesquisa. No entanto, o envolvimento entre X e Sandii pode colocar tudo a perder.





Nessa ficção científica com toques de thriller, romance e drama acompanhamos a disputa de grandes corporações pelo controle da pesquisa de ponta e, consequentemente, pelo domínio da economia mundial. Usando de espionagem industrial até manobras criminosas dos mais variados tipos, as grandes empresas travam uma verdadeira batalha pelos cientistas e pesquisadores das áreas mais concorridas e, muitas vezes, optam por assassinar seus colaboradores a aceitar uma possível transferência para um laboratório rival. Neste panorama, a bandidagem especializa-se em silenciar os cientistas que acenam com uma possível mudança de planos ao mesmo tempo em que se acotovelam para conquistar melhores pesquisadores para suas empresas contratantes. Os personagens Fox e X são contratados pela corporação Hosaka para tirar o grande cientista Hiroshi de sua oponente Maas, sem, no entanto, destruí-lo. Sabendo da queda de Hiroshi por belas mulheres, contratam Sandii, uma envolvente prostituta para seduzi-lo e retirá-lo do mercado, ensinando à garota uma verdadeira técnica para fazê-lo se apaixonar por ela. Sandii, por sua vez, aproxima-se de X e passa a ter uma relação amorosa com ele, de forma que X passa a questionar o plano previamente traçado. A obra brinca muito com a questão do envolvimento emocional, como ele se dá e quais são as consequências deste envolvimento, ressaltando a manipulação a qual os apaixonados estão sujeitos. A narrativa mantém-se linear até cerca de dois terços de sua duração, quando ocorre um plot twist que subverte tudo, inclusive a cronologia que vinha seguindo até então. Daí em diante, passamos a ter uma alternância entre o presente e o passado, que aqui surge como memórias de um dos personagens. O ritmo é moderado e praticamente constante. A atmosfera mistura suspense com uma boa dose de sedução. Achei interessante que, diferente da maior parte das ficções futuristas, não existe uma elucubração de como seria o cotidiano futuro, isso é, qual seria a aparência do mundo dentro de alguns séculos - na obra, o mundo futuro não diferiria muito do presente, pelo menos na sua aparência. Tecnicamente, o filme mantém o padrão médio de Hollywood - se não temos grandes destaques positivos, tampouco os temos negativos. Um diferencial da obra é o ótimo elenco envolvido. Além de um sedutor e maquiavélico Christopher Walken como Fox, ótimo no papel, temos Willen Dafoe numa interpretação bem inspirada como X. Asia Argento mostra talento e sex appeal como Sandii, não exagerando no papel (seria bem fácil ela errar o tom e fazer uma personagem caricata, mas isso não acontece). No elenco ainda temos Annabella Sciorra como Madame Rosa, Yoshitaka Amano como Hiroshi e Gretchen Mol como a esposa de Hiroshi. O filme fez sucesso no Festival de Veneza (1998), sendo indicado ao Leão de Ouro (Melhor Filme), Leão de Prata (Melhor Diretor) e Melhor Roteiro, mas acabou sem premiações. Eu, particularmente, não achei tão grande coisa assim, muito provavelmente porque não caí no plot twist, o qual já tinha intuído. Por outro lado, mantive-me atenta e envolvida com a história, o que não é pouco em tempos de sono constante. Recomendo a obra mais para fãs dos atores ou do diretor e para quem gosta de filmes com toques de sensualidade.

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