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hikafigueiredo

"O Grupo", de Sidney Lumet, 1966

Filme do dia (45/2021) - "O Grupo", de Sidney Lumet, 1966 - EUA, 1933. Em plena Grande Depressão, um grupo de oito amigas se forma no colégio. Nos anos subsequentes, suas histórias irão aproximá-las ou afastá-las umas das outras, sem jamais haver, no entanto, qualquer rompimento.





Esse é um filme estranho e, na minha opinião, um pouco difícil de acompanhar. Baseado no livro homônimo de Mary McCarthy, o filme trata dos sonhos e conflitos das mulheres daquela geração. Inúmeros são os temas tratados na obra - todos somente pincelados, nada tratado com qualquer profundidade -, que vão da homossexualidade à violência doméstica, do amor livre ao adultério, da realização profissional à maternidade, do controle de natalidade ao aborto. Ainda que seja surpreendente que, em plenos anos 30, muitos destes temas fossem discutidos - alguns abertamente, outros às escondidas -, é um pouco frustrante ver tudo meramente mencionado, sem ser levado adiante. É certo, ainda, que localizei vários problemas na obra. O primeiro - e o que mais me incomodou -, é que um filme da época da Grande Depressão falou de tudo, menos das questões diretamente ligadas a esse fato. Todas as personagens são garotas da alta sociedade - e mesmo as que não eram, fingiam ser - de modo que em nenhum momento se tratou de questões como desemprego, fome, penúria. Então, não é somente um retrato de uma geração, mas de uma geração de um específico estrato da sociedade - um estrato da sociedade que vivia confinada em uma bolha de fartura. Outro problema que eu identifiquei: não existe um "tempo mínimo" para que o espectador identifique, se familiarize e fixe as personagens - são OITO personagens e não há um segundo sequer para que o espectador se habitue com elas. O resultado é que ,até o fim do filme, eu ainda confundia as garotas e só consegui fixar umas três ou quatro delas, até porque as personagens não têm tempos iguais na trama, algumas - como Kay e Polly - têm muito tempo em cena, outras - como Pokey ou Priss - quase não aparecem em cena. Outra questão que me incomodou: por qualquer motivo, a direção de arte não ajudou a "situar" a narrativa no tempo e eu não "realizava" que se tratava de algo acontecendo antes da Segunda Guerra - eu tinha a sensação constante de que se tratava de uma ação de décadas bem posteriores (50 ou 60). Por fim, a obra me soou como uma "colcha de retalhos" - fragmentos esparsos de vidas e pessoas esparsas em momentos esparsos e a única coisa que garantia alguma unidade era a amizade do grupo (pode ter sido a intenção da autora do livro, mas isso não me agradou). Assumo que sou absolutamente incapaz de falar das interpretações - é muita gente entrando e saindo de cena, precisaria rever mais umas duas vezes o filme para falar, com alguma mínima propriedade, de cada uma das atrizes e de suas personagens. O filme, muito embora trate de temas interessantes, me deixou perdidinha. Não chegou a me desagradar, mas está longe de ser uma obra que me dê vontade de rever. Vou deixar por conta de quem quiser arriscar a ver e não vou recomendar nem "desrecomendar".

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