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hikafigueiredo

"O Homem de Ferro", de Adrzej Wajda, 1981

Filme do dia (189/2020) - "O Homem de Ferro", de Adrzej Wajda, 1981 - O repórter Winkel (Marian Opania) recebe a missão de fazer uma reportagem que desabone o sindicalista Maciej Tomczyk (Jerzy Radziwilowicz). Ele viaja de Varsóvia para Gdansk e começa a pesquisar acerca de tal personalidade, mas o que ele encontrará será uma surpresa.





Continuação do fabuloso "O Homem de Mármore" (1977), que discorria acerca do período em que a Polônia esteve sob a influência da URSS stalinista, "O Homem de Ferro" foca nas greves ocorridas no início dos anos 80, no surgimento do Movimento Solidariedade e no início da derrocada do regime autoritário de base socialista na Polônia. Profundamente ligado aos fatos históricos que estavam acontecendo naquele exato momento no país, o filme retrata os bastidores sujos e corruptos do governo polonês e suas tentativas espúrias de destruir reputações e sonhos dos líderes sindicalistas que lideravam as greves que surgiam por todo país e que tinham o amplo apoio da população. O roteiro retoma o personagem Tomczyk, filho de Mateusz Birkut, o operário herói de "O Homem de Mármore". Como o pai, Tomczyk mostra-se idealista, comprometido e inabalável, mas, ao contrário de Birkut, não demonstra a ingenuidade de seu genitor. Envolvido com movimentos de contestação desde a juventude, Tomczyk surge como um dos fundadores do Movimento Solidariedade, que marcou a Polônia e a levou à sua abertura. A narrativa é impecável e extremamente didática (talvez, para poloneses, até didática demais, mas como não sou polonesa, para mim foi perfeita), e mescla o filme propriamente dito com alguns trechos documentais. O tempo alterna passado, apresentando como se deu a morte de Birkut, apenas mencionada no primeiro filme, e a trajetória de Tomczyk, e presente, com as pesquisas e entrevistas realizadas pelo personagem Winkel e sua tentativa de se aproximar de Tomczyk. O ritmo é constante e bem compassado - não tem o ritmo alucinante de seu homônimo norte-americano, claro (rs), mas também não chega a ser lento. A atmosfera passa de um início tenso, onde aparece um certo suspense, para uma mensagem cada vez mais positiva e esperançosa. Dos elementos técnicos, aquele que mais me chamou a atenção foi a montagem, alternando filmagens de fatos reais com a história fictícia. Nas interpretações temos o ótimo (e lindo, na minha opinião rs) Jerzy Radziwilowicz nos papéis de Birkut e Tomczyk, conseguindo, muito bem, construir personalidades extremamente diferentes em cada um dos personagens; Krystyna Janda volta, mais uma vez, como Agnieszka, e aqui ela está muito mais à vontade e natural, achei sua evolução como atriz impressionante; Marian Opania também está bem como Winkel, demonstrando todo o desgosto do personagem em estar naquela missão e, paulatinamente, mudando sua opinião sobre inúmeras questões. Destaque para Lech Walesa interpretando a si próprio. O filme é tãããão bom que ganhou a Palma de Ouro em Cannes naquele ano. Eu, que já havia adorado o filme anterior, fiquei completamente inebriada pela obra, principalmente por seu clima final de profunda esperança (que é algo que todos nós estamos precisando, não ?). Recomendo com fervor religioso.

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