Filme do dia (286/2021) - "O Homem do Terno Branco", de Alexander Mackendrick, 1951 - Sidney Stratton (Alec Guiness), um obstinado químico e cientista amador, realiza, incógnito, pesquisas acerca da resistência dos materiais, buscando um tecido que fosse indestrutível e impermeável à sujeira. Quando ele finalmente alcança seu objetivo, passa a ser visto como um perigo potencial para a indústria têxtil inglesa.
Baseado na peça teatral homônima de Roger MacDougall, o filme discorre sobre a ciência em contraposição a interesses comerciais diversos - quem nunca ouviu falar de alguma inovação que foi egoisticamente ocultada por ir contra os interesses de x ou y grupo econômico? Pois é acerca desta verdadeira lenda urbana que a história se desenvolve. O personagem Sidney Stratton é um químico que idealiza um tecido sintético que jamais sujaria ou estragaria. Ele, disfarçadamente, realiza pesquisas sobre o assunto dentro da própria fábrica têxtil onde deveria ser mero operário, até que é descoberto pela filha do proprietário, que passa a financiá-lo. Ocorre que, ao conseguir produzir tal tecido, ele passa a ser pressionado, por muitos grupos, para esconder sua invenção, pois isso arruinaria não só as indústrias de tecidos, mas, também, levaria milhares de trabalhadores ao desemprego. A narrativa é linear, muito embora conte com um narrador em off que relata os fatos em flashback. O ritmo é ágil, acelerando nos minutos finais. Apesar de tratar de temas que poderiam ser enfocados com seriedade, a obra tem o formato de uma sátira - evidentemente, com aquele típico humor inglês, meio sarcástico e muito contido. O humor aparece de várias maneiras - desde a forma desencontrada do protagonista fazer sua pesquisa, até através de inserções sonoras, como no caso dos ruídos emitidos pelos instrumentos de pesquisa de Stratton que são propositalmente ridículos. A fotografia P&B é bem contrastada, até para realçar o mencionado terno de tecido imaculado, fonte de todas as discórdias possíveis. No tocante às interpretações, temos "Sir" Alec Guiness como o jovem químico Stratton - seu semblante sempre sério e ensimesmado só se altera quando o personagem alcança seu objetivo - e o ator transmite toda a obstinação que Stratton precisaria ter para não se desviar de seu sonho. No papel de Daphne Birnley, a atriz Joan Greenwood, e, como o industrial Alan Birnley, temos o ator Cecil Parker. O filme concorreu ao Oscar de Melhor Roteiro Adaptado e ao prêmio BAFTA de Melhor Filme Britânico. Eu achei o argumento criativo e considero o desenvolvimento do roteiro bem engendrado, mas os dez minutos finais me cansaram um pouco (sem spoilers). Ainda assim, não seria perda de tempo assistir a essa obra. Pode ir na fé.
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