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hikafigueiredo

"O Inocente", de Luchino Visconti, 1976

Filme do dia (173/2016) - "O Inocente", de Luchino Visconti, 1976 - Itália, final do século XIX. Tullio (Giancarlo Giannini) é um aristocrata casado com a doce e discreta Giuliana (Laura Antonelli) e que mantém um tórrido caso com a livre viúva Tereza (Jennifer O'Neill). Tereza, cansada de dividir o amante com a esposa, dá um ultimato a Tullio, que acaba optando por abandonar Giuliana. Humilhada por Tullio, sozinha e deslocada na sociedade, Giuliana conhece o charmoso e romântico escritor Fillipo D'Arborio, em cujos braços busca consolo. Tullio, no entanto, não se adapta à liberdade de Tereza e retorna para a esposa, criando-se, assim, um impasse.





Neste filme, baseado no romance homônimo de Gabriele D'Annunzio, Visconti discorre, mais uma vez, acerca de temas recorrentes em suas obras: a hipocrisia das relações sociais, o desgaste das relações amorosas e a falência de instituições, especialmente do casamento e da família. O diretor também trata, aqui, da (i)moralidade, da arrogância, da soberba e do egoísmo que prevalecem na aristocracia, usando, para tanto, a figura controversa do personagem Tullio. A aristocracia é retratada como fútil, mesquinha, manipuladora, desprovida de valores, hipócrita. Outra característica que o filme expõe - mas, provavelmente, não de forma intencional, dada a época em que a obra foi realizada - é o machismo arraigado na sociedade - Tullio se dá ao direito de fazer o que quiser da sua vida, não sendo assim tão permissivo quando se trata de sua esposa, além de se julgar dono da vida e da morte de sua família. O roteiro transcorre em tempo cronológico, com diversos "saltos" temporais (que me incomodaram um pouco, mas que credito ao fato de ser um roteiro adaptado de um livro). Como sempre acontece quando se trata de Luchino Visconti, a fotografia e a direção de arte de época são absolutamente impecáveis, com a prevalência de cores quentes e de muito, muito vermelho. Também como de praxe nas obras do diretor, temos diversas músicas clássicas como trilha sonora do filme, dentre as quais trechos de obras de Chopin, Liszt e Mozart. Também as interpretações são de alta qualidade: Giancarlo Giannini faz um Tullio charmoso, mas canalha e cruel, capaz de arquitetar ações monstruosas para atingir seu intento (sem spoilers); Laura Antonelli, por sua vez, apresenta uma Giuliana contida, discreta, quase uma observadora; já Jennifer O'Neill está perfeita como a decidida e independente Tereza. O filme está a altura dos demais do diretor (aproveitamento de 100%), mas não me conquistou como "Morte em Veneza", "O Leopardo" e "Vagas Estrelas da Ursa". Mas uma coisa é indiscutível: Luchino Visconti era MESTRE!!!!!

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