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  • hikafigueiredo

"O Lagosta", de Yorgos Lanthimos, 2015

Filme do dia (24/2019) - "O Lagosta", de Yorgos Lanthimos, 2015 - Em um mundo distópico, as pessoas são obrigadas a viver em casais. As pessoas que, por ventura, não encontrarem um par compatível, são transformadas em animais. David (Colin Farrell) é enviado a um hotel para sua última chance de encontrar uma pessoa compatível - caso contrário, será transformado em uma lagosta.





Lanthimos é um diretor hábil em criar realidades paralelas, mundos distópicos e, acima de tudo, obras que despertem estranhamento e, até mesmo, certa aversão. Neste filme, o diretor usa e abusa desta habilidade, mas, apesar de fincar pé numa realidade fantasiosa, não deixa de apontar e fazer críticas à hipocrisia das relações (sociais, afetivas, amorosas) e à natureza egoísta, manipuladora e dissimulada do ser humano. Não espere sentir-se muito à vontade com a obra - ao contrário, tal como fez no maravilhoso "Dente Canino" (2009) e repetiu em "O Sacrifício do Cervo Sagrado" (2017), Lanthimos desperta um profundo desconforto no espectador ao mostrar um mundo onde vale qualquer manobra para sobreviver (eeeerrrr... qualquer semelhança com a nossa realidade não é mera coincidência). Aliás, o filme todo é construído para reforçar esse desconforto - da trilha sonora repleta de sons aleatórios e música atonal, às interpretações robóticas e seus diálogos monocórdicos, desprovidos de emoções e de conteúdo vazio. No elenco, Colin Farrell, Rachel Weisz, Olívia Colman, Léa Seydoux, John C. Reilly e Angeliki Papoulia, todos com interpretações impecavelmente apáticas e mecânicas, bem ao gosto do diretor. Destaque para o desfecho chocante e aflitivo. Eu diria que é um filme para quem gosta de esquisitice e curte despertar sentimentos viscerais, contraditórios e ocultos em si mesmo. Como esse é o meu caso, eu ADOREI o filme (como adorei tudo que vi até hoje do diretor).

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