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“O Menino e a Garça”, de Hayao Miyazaki, 2023

  • hikafigueiredo
  • há 20 minutos
  • 3 min de leitura

Filme do dia (132/2025) – “O Menino e a Garça”, de Hayao Miyazaki, 2023 – Durante a Segunda Guerra, o menino Mahito (Soma Santoki) perde a mãe em um incêndio, em Tóquio. Pouco tempo depois, seu pai Soichi (Takuya Kimura) assume um relacionamento com Natsuko (Yoshino Kimura), irmã da falecida esposa, mudando-se com Mahito para a propriedade da família, no interior do Japão. No local, o menino, saudoso da mãe e contrariado pela existência da madrasta, descobre uma antiga torre e, ao seguir uma misteriosa garça-cinzenta, adentra em um fabuloso mundo mágico.


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É com extrema vergonha que assumo que demorei dois longos anos para ver essa magnífica obra, provavelmente a última animação do mestre Hayao Miyazaki. E, como já esperava, encontrei um filme excepcional, como só Miyazaki e o Studio Ghibli são capazes de fazer. Nele encontramos todos os elementos habituais das animações do mestre, sempre com o cuidado meticuloso de seus desenhos. O protagonismo, aqui, fica por conta de Mahito, um menino que acabara de perder a mãe e se muda para a casa da nova madrasta, irmã da falecida mãe, no interior do Japão. Mahito mostra-se contrariado e a madrasta, grávida, tenta se aproximar do menino, sem sucesso. Uma antiga torre existente na propriedade chama a atenção de Mahito, que segue uma estranha garça-cinzenta, a qual o leva a uma jornada a um mundo fantástico. Como é de praxe nas obras de Miyazaki, temos um universo mágico, onírico, o qual o protagonista precisa adentrar para possibilitar as mudanças que sua vida necessita. Assim como em “A Viagem de Chihiro” (2001), no qual a protagonista precisa enfrentar diversos desafios para amadurecer, aqui o personagem Mahito terá de passar por inúmeros obstáculos para superar a perda da mãe, admitir a madrasta e a criança que está por vir e aceitar o formato de sua nova família. Independente da adversidade enfrentada pelo personagem, o olhar do diretor é sempre otimista e acolhedor – por maior que sejam as dificuldades, seus personagens sempre escolhem bem seus caminhos, moldam-se, amadurecem, desenvolvem-se, são empáticos e generosos. Ao longo der sua aventura, Mahito mostrará sua natureza bondosa, crescerá e aceitará sua nova realidade. Mais uma vez, Miyazaki nos oferece um universo fantástico profundamente criativo, no qual perigos e surpresas disputam espaço. Se em “A Viagem de Chihiro” tínhamos os pequenos Makkuro Kurosuke, as pequenas criaturas de fuligem, e em “A Princesa Mononoke” (1997), os kodamas, espíritos da floresta, aqui nos deparamos com os warawaras, os espíritos humanos que ainda vão nascer, para encantar os espectadores. E, claro, como não podia deixar de ter, temos a menção à ação de voar, presente em quase todas as obras do diretor, seja na figura de Haku, o dragão voador de Chihiro; a vassoura de Kiki, em “O Serviço de Entregas da Kiki” (1989); o avião de “Porco Rosso” (1992); os aviões de “Vidas ao Vento” (2013), dentre outros – aqui as aves do mundo fantástico: a garça-cinzenta, os periquitos e os pelicanos. Tudo é mágico, extremamente rico e detalhado, somos instantaneamente transportados para aquele universo onírico e poderoso. Sou muito suspeita, pois fã incondicional da obra de Miyazaki, para mim um gênio da animação e do cinema. Terminou a história, minha vontade era de maratonar todos os filmes do diretor (o que eu deveria mesmo fazer, pois, até hoje, escrevi sobre um ou dois só). A obra, fabulosa, foi agraciada com o Globo de Ouro (2023) de Melhor Animação, o BAFTA (2024), e o Oscar (2024), na mesma categoria – terceiro Oscar de Miyazaki (o primeiro foi “A Viagem de Chihiro”, em 2002, e o segundo um Oscar honorário pelo conjunto da obra, em 2014). É completamente imperdível e está facinho de ver na Netflix, além de em mídia física, com lançamento do selo Obras Primas.

 
 
 

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