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“Tropas Estelares”, de Paul Verhoeven, 1997

  • hikafigueiredo
  • há 2 horas
  • 3 min de leitura

Filme do dia (130/2025) – “Tropas Estelares”, de Paul Verhoeven, 1997 – Em um futuro não definido, a espécie humana encontra-se em guerra contra seres interplanetários que se assemelham a insetos. Três jovens amigos, formandos do ensino médio, alistam-se ao exército dos humanos – Johnny Rico (Casper Van Dien) vai para a infantaria; Carmen Ibanez (Denise Richards) é chamada para se tornar piloto; e Carl Jenkis (Neil Patrick Harris) entra para a Inteligência Militar. Ao longo dos combates, as vidas dos três amigos se cruzarão na frente de batalha.


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Eu estava com o pé muito atrás para ver esse filme, mas, graças à insistência de um amigo, acabei me rendendo e o assisti – e devo dizer que, apesar de algumas ressalvas, não me arrependo. O filme traz uma crítica bem evidente e um tanto debochada aos governos totalitários, apresentando de maneira bem didática alguns dos pilares do fascismo: o militarismo exacerbado, a glorificação da violência, o desprezo pela educação formal, o nacionalismo extremo, a subordinação do indivíduo ao Estado, a mobilização das massas com a ajuda da propaganda estatal, a criação de um inimigo comum e o desprezo pela democracia e pelas liberdades individuais. Na história, o planeta Terra se tornou um Estado Único, controlado, com rigor, por uma elite política ligada ao poder militar – somente os cidadãos podem votar e se candidatar a cargos políticos e só se recebe a cidadania após um período de serviço federal, comumente, o exército. Assim, qualquer direito político naquela sociedade está vinculado à passagem pelo serviço militar. Os jovens são cooptados para entrar no exército ainda nas escolas e cedo são enviados para a frente de batalha, tendo em vista que o planeta se encontra em guerra contra os “Insetos”. Esse pano de fundo da história vale a visita ao filme, pois, como eu disse, é de um didatismo cirúrgico, além de vir acompanhado de um deboche bastante divertido – as propagandas de cooptação de recrutas fazem a gente rir de nervoso pelo reconhecimento de quão reais são. À frente disso, acompanhamos a história de três amigos recém-saídos do ensino médio, os quais entram para o serviço militar em diferentes carreiras. Ao longo de duas horas de filme, observamos a luta destes contra os “Insetos”, o inimigo comum à toda a espécie humana – neste “plano” temos um filme de ação e ficção científica bastante corriqueiro, com batalhas, mortes, derrotas e vitórias. Aí também entramos em outro terreno – o da qualidade técnica do filme. Ainda que a obra tenha sido indicada para o Oscar (1998) de Melhores Efeitos Visuais, atualmente a qualidade desses efeitos me parece um pouco irregular – algumas cenas continuam incríveis, outras o CGI fica bem evidente. A edição de som cumpre seu papel, mas merecia a mesma atenção dos efeitos visuais. O desenho de produção “me ganhou” ao colocar a elite militar da história trajando roupas idênticas aos dos oficiais da SS nazista – se alguém tinha dúvida do recado, vira certeza ao se dar conta disso. Nada a mencionar acerca da fotografia e da trilha sonora – tudo dentro do esperado. Quanto às interpretações... bem, eu li como uma continuação ao deboche já mencionado acima, porque as atuações são excepcionalmente canastronas e eu não consigo acreditar que não tenha sido intencional. Okay, a maior parte do elenco é composta por atores e atrizes pouco conhecidos, mas, ainda assim, é muita interpretação ruim junta. Os melhorzinhos ali são a atriz Dina Meyer como a personagem Dizzy Flores, Clancy Brown (o eterno vilão de “Highlander”, 1986) como Sargento Zim e Michael Ironside (de “Scanners – Sua Mente Pode Destruir”, 1981) como professor Jean Rasczak. Casper Van Dien e Denise Richards são ruins de doer e Neil Patrick Harris ainda estava precisando comer muito feijão para se tornar o bom ator que é hoje. Mas, sigo achando que foi proposital, parte do deboche, algo meio “filme trash”. Eu confesso: eu me diverti bastante ao longo da duração da obra, gostei demais do fundo político e não liguei para o roteiro banal em primeiro plano. Acho que vale muito a visita (obrigada, Paulo, pela insistência para eu ver o filme!). Segundo o Justwatch, o filme está em streaming na Disney+ e para alugar na Prime Video e no Apple TV, além de em mídia física recém-lançada pelo selo Obras Primas.

 
 
 

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