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"O Monstro da Bomba H", de Ishiro Honda, 1958

hikafigueiredo

Filme do dia (107/2022) - "O Monstro da Bomba H", de Ishiro Honda, 1958 - Tóquio é assombrada por uma estranha criatura que tem o poder de dissolver qualquer matéria orgânica, sem, no entanto, causar qualquer impacto na matéria não-orgânica. Enquanto os cientistas tentam entender tal criatura, policiais buscam desvendar um mistério.





Em plena Guerra Fria e ainda sob o impacto das bombas atômicas lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki, o Japão e o mundo viviam a paranoia nuclear acrescida do receio acerca dos efeitos da radiação sobre a população e o meio ambiente, Diante desse quadro, surgiram e multiplicaram-se os filmes sobre a temática nuclear, o que se estendeu por décadas, vide obras como "Chuva Negra" (1988), "Rapsódia em Agosto" (1991), "Gen - Pés Descalços" (1983), "O Dia Seguinte" (1983) e "Quando o Vento Sopra" (1986), só para citar os mais famosos. O tema foi aproveitado por todos os gêneros de cinema, do drama às animações e até mesmo a comédia (com o magnífico "Doutor Fantástico", 1964) . Mas, provavelmente, foi na ficção científica que a questão foi mais utilizada como mote - e nesse nicho temos obras magníficas como "Pânico no Ano Zero" (1962), "Terra Tranquila" (1985) e o traumático "Catástrofe Nuclear" (1984). E temos "O Monstro da Bomba H" rs. Misturando ficção científica, policial e terror, a obra é um legítimo representante japonês dos filmes "B", de temática apelativa e popular e baixíssimo orçamento, o que garante verdadeiras pérolas nos efeitos especiais e interpretações. O argumento tem lá seu charme: a radiação nuclear teria o poder de liquefazer os corpos vivos sem que eles perdessem sua consciência, fazendo com que se transformassem em criaturas líquidas - e mortais. Mas, entre o argumento e a execução da ideia, temos alguns quilômetros de distância. O roteiro desenvolve-se meio aos trancos e barrancos - os policiais ficam perdidos entre procurar e prender uma gangue e levar a sério os cientistas, fazendo a história perder parte do foco e diluindo o assunto mais importante (a questão atômica). A narrativa é prioritariamente linear, com um único flashback, num ritmo pouco marcado para o público ocidental, mas infinitamente mais ágil que o cinema clássico japonês. A fotografia colorida é pouco saturada, trazendo cores meio "desmaiadas" e pouco contrastadas. Os enquadramentos são bem convencionais, priorizando os planos médios. Inacreditáveis são os "efeitos especiais" que, mesmo para a época e o parco desenvolvimento desta área na ocasião, são toscos até mais não poder - melhor seria explorar a imaginação do público apenas sugerindo o que a criatura poderia fazer do que explicitar seus "poderes". Outro quesito pífio na obra são as interpretações amadoras de praticamente todo o elenco. Os papeis principais ficaram por conta de Kenji Sahara como Dr. Masada (muito pouco convincente) e Yumi Shirakawa como Chikako Arai, um pouquinho melhor, exceto pela péssima dublagem nas cenas em que a personagem canta no nightclub. A obra é mesmo indicada para quem curte filme "B" e não se importa com algumas "tosqueiras" - se for seu caso, arrisque; caso contrário, descarte.

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