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hikafigueiredo

"O Monstro da Morgue Sinistra", de John Gilling, 1960

Filme do dia (250/2021) - "O Monstro da Morgue Sinistra", de John Gilling, 1960 - Edimburgo, 1828. O cirurgião Dr. Robert Knox (Peter Cushing) faz pesquisas e ensina anatomia na universidade. Para tanto, ele adquire cadáveres de procedência duvidosa de uma dupla de vagabundos - Hare (Donald Pleasence) e Burke (George Rose). No entanto, os dois homens, cansados de desenterrar os corpos, opta por produzir seus próprios cadáveres.





Apesar de ser classificado como terror, o filme está muito mais para um drama com toques de suspense do que efetivamente terror. Isto porque a figura principal da trama - o cirurgião Dr. Knox - não tem qualquer participação nas mortes e move-se tão somente por amor à ciência e pela necessidade de transmitir seus conhecimentos para os futuros médicos e, também, porque a certa altura, entrará em séria crise de consciência, a aproximar a narrativa do drama. O enredo é bem pouco original - lembro de já ter visto dois ou três filmes com argumento bem semelhante - e o que o difere é justamente esse apelo para a ética do médico. A obra tem um lado histórico interessante pois, além de retratar uma prática muito corriqueira nos idos dos séculos XVIII e XIX - o roubo de cadáveres para ser usado em pesquisas e estudos era a praxe, incentivado pelos próprios médicos e professores universitários da área -, ainda revela a cruel natureza da sociedade da época - em plena Revolução Industrial, a total ausência de leis trabalhistas e o excesso de contingente criou uma massa de miseráveis, invisível aos governos e às elites, cujo destino não interessava a ninguém - assim, encontrar vítimas facilmente esquecidas em meio a essa população miserável era uma tarefa bastante simples para a dupla de assassinos da história. A narrativa é linear, em ritmo pausado. A atmosfera é de leve tensão, mesclada com certo desalento, em especial na última meia hora de filme. É uma obra visualmente vistosa - de um lado, a fotografia P&B extremamente contrastada; de outro, uma direção de arte de época caprichada, tanto no que se refere à ambientação, quanto ao figurino e aos objetos de cena. No elenco, uma das maiores lendas dos filmes de terror ingleses, o veterano Peter Cushing, aqui no papel do Dr. Knox, um personagem que sofre uma grande reviravolta na trama (eu, fã ardorosa dos filmes de terror dos nos 60 e 70, dos estúdios Hammer e Amicus, simplesmente adooooro a dupla Peter Cushing e Christopher Lee, que, junto com o norte-americano Vincent Price, formavam a santíssima trindade do gênero terror nestas décadas). Completam o elenco os atores Donald Pleasence e George Rose como a dupla de assassinos Hare e Burke, June Laverick como Martha Knox, Dermot Walsh como Dr. Mitchell, Billie Whitelaw como Mary e John Cairney como o estudante Chris Jackson. A obra fugiu um pouco do que eu esperava, causou certo estranhamento, mas não diria que é ruim. A aura gótica me agradou. Pode ser visto sem susto. PS - A tradução do nome está no páreo de um dos piores títulos de todos os tempos (o original é "The Flesh and The Fiends", algo como "A Carne e os Demônios", muito mais condizente).

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