Filme do dia (90/2023) – “O Mundo Marcha Para o Fim”, de John Sturges, 1965 – Um potente vírus desenvolvido em um laboratório secreto do governo norte-americano é furtado. Temendo a extraordinária letalidade do vírus, o governo dos EUA destaca um ex-agente federal para recuperá-lo.
Nesta junção dos gêneros ficção científica e ação, temos um argumento que já foi usado algumas tantas vezes: o desvio de uma pretensa arma bacteriológica desenvolvida pelo governo dos EUA do laboratório onde foi criado para o “mundo”. Neste panorama, o governo norte-americano não tem mais o que fazer senão usar de todos seus meios para procurar o responsável por tal desvio e recuperar o vírus subtraído. Neste sentido, um antigo e insubordinado ex-agente federal é a pessoa destacada para sair ao encalço do homem que levou o vírus para retomá-lo. A narrativa é exemplarmente a de um filme de ação e preocupa-se tão somente em criar a atmosfera de tensão necessária para envolver o espectador – e ela faz isso com certa habilidade. No entanto, achei ínfimas as razões por trás da subtração do vírus e senti falta de uma justificativa mais consistente do que a simples busca por poder. Aliás, a completa ausência de “volume”, tanto da história, quanto dos personagens, acabou por me deixar bastante decepcionada – tudo é muito raso, não há qualquer profundidade que possa ser explorada e acerca da qual o espectador possa elucubrar. Não existe uma crítica qualquer ao governo por desenvolver um vírus tão potente que seria capaz de dizimar a espécie humana (e talvez todas as formas de vida do planeta), não existe um aprofundamento dos motivos e objetivos do “vilão”, não existe qualquer dilema moral de quem quer que seja e, para mim, que gosto de ficar divagando sobre os filmes, senti uma terrível sensação de “terra devastada” sem nada para ser explorado. Enfim, é um filme de ação que existe só pela ação mesmo. Além disso, achei a narrativa confusa e um pouco cansativa – existem inúmeros personagens envolvidos e não existe clareza do motivo desse envolvimento, do porquê de tantas pessoas estarem empenhadas em subtrair algo tão letal e ameaçar o planeta inteiro. Confesso que tive dificuldade em acompanhar os detalhes da busca e da perseguição implacáveis justamente porque quase todos os personagens são parecidos e igualmente insossos. A narrativa é linear, em ritmo intenso e com uma atmosfera bastante tensa, único real mérito da obra na minha opinião. Também não vi nenhum detalhe técnico que mereça ser pontuado. Das interpretações, destacaria apenas o empenho legítimo do ator George Maharis como o personagem Leo Barret, o insubordinado ex-agente federal destacado para fazer a busca ao vírus (cabe perguntar por quê cargas d’água o governo deixaria tal função para um ex-agente indisciplinado no lugar de alguém de “dentro” do governo...). O elenco traz, ainda, Richard Bassehart, Anne Francis e Dana Andrews, todo mundo em interpretações protocolares e sem qualquer brilho. Sinceramente, foi um filme que não me pegou, não me envolveu e que certamente esquecerei em menos de uma semana. Não curti e não recomendo.
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