Filme do dia (119/2018) - "O Tempero da Vida", de Tassos Boulmetis, 2003 - Fanis (Markos Osse) é um menino de sete anos que vive em Istambul com sua família. De origem grega, Fanis aprende os mistérios da culinária com seu avô (Tassos Bandis), dono de uma loja de temperos. Quando a Turquia entre em conflito com a Grécia, a família de Fanis é deportada, o que separa o menino de seu avô e de sua amiga Saime.
Tendo como pano de fundo a história recente da Grécia, com destaque para os conflitos entre o país e a Turquia, o filme discorre sobre a memória, as relações de afeto, a família e, claro, a comida e como a última reflete nas interações humanas. A narrativa percorre muitas anos da vida do personagem, da sua infância à vida adulta, predominantemente em ordem cronológica (mas nem sempre). A obra tem um pé no realismo fantástico e dialoga com o filme "Como Água para Chocolate", também centrado nos mesmos temas. Alguns efeitos por computador me incomodaram no início, mas, depois, quando percebi esse teor fantástico do filme, concluí que tais efeitos eram propositais e que encaixavam perfeitamente na proposta da obra. A narrativa flui bem, suave, delicadamente, e tem um certo olhar romântico por conta da meninice do personagem, abandonado quando ele se torna adulto. As cenas das comidas sendo feitas e degustadas são deliciosas e despertam o apetite pelo filme e pelas comidas. O filme tem uma fotografia muito bonita, que realça o que os dois países - Turquia e Grécia - têm de exótico. Diria que a obra é sinestésica, pois quase podemos sentir os cheiros e sabores dela!!!! Das interpretações, destaque para o ator que faz o avô, Tassos Bandis, para o ator que faz Fanis adulto, Georges Corraface, e para a atriz que interpreta Saime adulta, Basak Köklükaya. O filme é belo, sensível e muito gostoso de assistir, recomendo.
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