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hikafigueiredo

“Oppenheimer”, de Christopher Nolan, 2023

Filme do dia (80/2023) – “Oppenheimer”, de Christopher Nolan, 2023. Durante a Segunda Guerra, o físico J. Robert Oppenheimer (Cillian Murphy) é escalado para encabeçar o Projeto Manhattan e, junto com muitos outros cientistas da época, desenvolver a bomba atômica que, posteriormente, seria lançada sobre Hiroshima e Nagasaki.





A obra, baseada na biografia de J. Robert Oppenheimer “American Prometheus”, de Kai Bird e Martin J. Sherwin, expõe parte da vida do físico norte-americano, concentrando-se nas pesquisas que levaram ao desenvolvimento da primeira bomba atômica e nas consequências posteriores a tal fato. O filme desenvolve-se em diferentes estratos, formando uma complexa rede de acontecimentos que se entrelaçam: há uma boa parte da narrativa dedicada ao desenvolvimento da bomba atômica até logo após o lançamento desta sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki, mas também temos momentos referentes às consequências políticas da súbita notoriedade do cientista e parte da narrativa que trata de Oppenheimer já idoso. Aliás, há uma parte considerável da obra que se dedica à política – e confesso que meu desconhecimento acerca de certas figuras notórias, sejam da política, sejam da área científica, dificultou um pouco o entendimento de todos os meandros de conchavos e alianças formados ao longo da história do cientista. A narrativa é completamente não-linear – como já mencionei, são diferentes “núcleos” de cenas, ocorridos em momentos temporais diversos, que se misturam, num vai e vem constante na cronologia. Para não confundir muito o espectador, Nolan optou por parte destes núcleos ter uma fotografia P&B, de forma que conseguimos “situar” melhor em que momento do tempo nos encontramos. O ritmo é bem marcado e variável, temos passagens mais ritmadas, outras mais vagarosas, que se amoldam umas às outras. Óbvio que a atmosfera é pesada, afinal estamos tratando do surgimento da mais letal arma de guerra já criada pelo homem e não daria para ser diferente. O filme é tenso e angustiante e, quando termina, o espectador se encontra exausto, tanto pela tensão, quanto pelo volume de informações por segundo – há um número gigantesco de personagens envolvidos e guardar todos os nomes e referências é realmente complexo e desgastante. Apesar da complexidade da obra – para variar, Nolan fazendo nolices -, ao fim do filme é possível montar um bom panorama da política e ciência norte-americanas dos anos 40 a 60, mesmo que escapem alguns detalhes e/ou nomes. Formalmente o filme é excepcional – a fotografia que abrange tanto o P&B quanto o colorido é muito bem realizada, com destaque para os muitos planos detalhes, em especial de rostos, focando em expressões que dizem tudo sem precisarem de palavras. O desenho de produção é igualmente minucioso, assim como os efeitos especiais. Destaque absoluto para a edição de som – há uma alternância interessante de silêncio e som, em especial em algumas cenas referentes à bomba; o som é usado de forma bastante criativa e é impactante até para gente surda para cinema como eu...rs. Outro destaque é o elenco primoroso – Cillian Murphy está extraordinário como Oppenheimer, ele consegue trazer muitas nuances ao personagem que se coloca como um anti-herói – como “pai da bomba atômica” não dá para dizer que ele é um herói, mas tampouco o vejo como simples “vilão”; o personagem é complexo e contraditório, tem momentos de verdadeira arrogância misturados com outros de humildade, e eu gostei muito de como foi colocado e interpretado pelo ator, com silêncio muito significativos; Emily Blunt também apresenta um trabalho com muito volume como a esposa do cientista, Katherine; Robert Downey Junior interpreta Lewis Strauss, personagem importantíssimo na história, também num trabalho muito bom; o elenco, enorme, traz inúmeros famosos como Matt Damon, Florence Pugh (maravilhosa como sempre), Rami Malek, Casei Affleck, Gary Oldman, Kenneth Branagh, Benny Safdie, Matthew Modine, Alex Wolff, só para mencionar os mais conhecidos. O filme é muuuuito bom, apesar de ser meio “quebra-cabeça”, não exige tanto assim do espectador como outras obras do diretor (que adora uma invencionice). Eu gostei bastante e recomendo (mas vá com tempo e ânimo, são 3 horas de filme).

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