Filme do dia (134/2021) - "Os 7 de Chicago", de Aaron Sorkin, 2020 - Chicago, 1968. Um protesto pacífico contra a Guerra do Vietnã durante a convenção do Partido Democrata acaba se tornando um violento embate contra a polícia local. No ano seguinte, sete pessoas ligadas aos movimentos que organizaram o protesto são acusadas de conspiração pelo governo dos EUA.
Não estava muito animada para ver o filme até ler algumas críticas de amigos. Resolvi arriscar e tive uma gratíssima surpresa. Provavelmente por não estar familiarizada com os acontecimentos e, também, por ser uma história com muitos agentes, demorei um pouco para me situar e reconhecer quem era quem entre os personagens, mas, assim que "reconheci o terreno", o filme fluiu maravilhosamente bem. Baseado em fatos reais, a obra trata do julgamento político - como diria o personagem Abbie Hoffman - de sete líderes de movimentos civis pelo fim da Guerra do Vietnã. Na realidade, foi uma tentativa de criminalizar tais movimentos, majoritariamente de orientação de esquerda e pacifistas. O julgamento foi marcado por toda a sorte de vícios e ilegalidades, completamente manipulado, tendo sido revisto posteriormente - o suposto spoiler não faz diferença, já que o que eu revelei pode ser, em parte, observado desde a primeira meia hora das cenas do julgamento. A narrativa é não linear, alternando cenas do passado (preparativos para a manifestação e o protesto em si), presente (julgamento) e futuro (narrativa do líder Abbie Hoffman), tudo muito bem alinhavado. O ritmo é bem marcado, principalmente por conta da alternância de tempos (já que cenas de tribunal normalmente são bem lentas e maçantes). A atmosfera é de tensão e indignação - quando percebemos que o julgamento é de cartas marcadas e que não existem grandes chances dos personagens serem absolvidos, dá aquele engulho pela injustiça. Tecnicamente, o filme é padrão Hollywood - tudo no mais perfeito lugar, mas com destaque para a ótima edição. O elenco é enorme, já que são muitas as pessoas envolvidas, mas merecem destaque os trabalhos de Eddie Redmayne como Tom Hayden - o personagem é chatinho, um político em construção, mas Redmayne dá conta do recado; de Jeremy Strong como Jerry Rubin - personagem ótimo, meio hippie, meio radical de esquerda; Frank Langella como o juiz Julius Hoffman - nossa... personagem odioso, super parcial, alguém na contramão da justiça e ética e ultra bem interpretado pelo ator; Joseph Gordon-Levitt como o promotor Richard Schultz - achei o personagem ótimo porque é perceptível o conflito interior que existe ali e o ator está bastante bem, muito diferente dos personagens que habitualmente interpreta; Alex Sharp como Rennie Davis; Michael Keaton como Ramsey Clark - é o Michael Keaton, não precisa explicação rs (adooooooro!); John Carroll Lynch como David Dellinger - ótimo personagem!!!! Mas quem arregaça no filme é Yahya Abdul-Mateen II, como Bobby Seale, evidenciando o racismo absurdo e nojento daquele julgamento; Mark Rylance como o advogado de defesa Willian Kunstler - ele é fantástico interprete o que for; e, disparado, Sacha Baron Cohen como Abbie Hoffman - o personagem é estupendo, o ator é excepcional, foi a melhor participação disparado (tanto que indicado a Melhor Ator Coadjuvante no Oscar 2021). A obra é ótima, super envolvente, bastante crítica e eu a adorei. Merece ser visto e está facinho na Netflix.
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