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  • hikafigueiredo

"Os Brutos Também Amam", de George Stevens, 1953

Filme do dia (60/2022) - "Os Brutos Também Amam", de George Stevens, 1953 - Em uma pequena propriedade rural de um vale do Wyoming, a família Starret luta por sua terra contra um grande proprietário de gado, que tenta, a todo custo, expulsar os colonos do local. A chegada de um misterioso forasteiro trará novos elementos ao jogo de forças estabelecido.





Filme predileto de meu saudoso pai, a obra é um clássico do gênero western, e traz a sedutora imagem do herói solitário, misterioso e cheio de princípios que coloca os interesses de terceiros diante de suas próprias aspirações, na figura do pistoleiro Shane. A história retrata uma família de colonos - o casal Joe e Marian e o filho Joey - que vive uma vida tranquila em seu sítio em um vale do Wyoming, oeste norte-americano. A família e demais camponeses passam a ser pressionados a sair do lugar por um poderoso proprietário de gado, que almeja apossar-se de seus pastos. Nesse panorama, chega ao local um forasteiro misterioso - Shane - que passa a trabalhar para Joe e que, pouco a pouco, acabará se envolvendo na luta dos colonos. A narrativa traz, antes de tudo, uma busca por redenção - ainda que não saibamos, em momento algum, o passado de Shane, é bastante evidente que ele traz consigo uma história de violência e mortes, que ele tenta, de todas as formas, deixar no seu passado. Ao longo da narrativa, observamos Shane evitar envolver-se com as brigas locais, tentando manter-se distante das armas, mas, quando a violência se aproxima da família Starret, a quem ele já está apegado, e ameaça macular aquelas pessoas, ele precisa tomar uma medida drástica. A narrativa é linear, em um ritmo moderado, e concentra boa parte de sua atenção no olhar da criança da família Starret, Joey - será esse olhar infantil, impregnado de curiosidade e admiração, que conduzirá a história. A atmosfera é de tensão crescente - não apenas pela luta dos colonos por suas terras, mas, também, pelo surgimento sutil de um interesse entre Shane e Marion, a esposa de Joe. A obra traz uma belíssima fotografia, que aproveita a beleza cênica do lugar e que foi agraciada com o Oscar (1954) nessa categoria. A emblemática música de Victor Young traz, para a obra, um sentimento de melancolia que se estende ao personagem Shane. O elenco traz Alan Ladd como Shane - o personagem traz, em si, toda a contradição de ser, a um só tempo, um homem de rígidos princípios e um pistoleiro (logo, um fora-da-lei), justificando toda a sua melancolia e busca por paz interior; Van Heflin interpreta o determinado Joe, que fará de tudo para proteger sua família - o ator foi indicado ao BAFTA (1954) de Melhor Ator Estrangeiro pelo papel; Jean Arthur, na sua última participação no cinema, interpreta Marion; Brandon deWilde ficou imortalizado como o pequeno Joey - muito expressivo, o menino traz doçura e inocência à obra; Jack Palance interpreta o "bad guy" Jack Wilson. Além da categoria Melhor Fotografia, na qual ganhou, o filme ainda foi indicado ao Oscar (1954) nas categorias Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Ator Coadjuvante (Brandon deWilde e Jack Palance). Incrivelmente lírico, o filme é um marco inegável do gênero Western - eu o adoro e recomendo muito! PS - Originalmente, a obra se chama "Shane" e a tradução "Os Brutos Também Amam" entra naquela categoria de "piores traduções de nomes de filme possíveis"!!!!

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