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  • hikafigueiredo

"Os Desajustados", de John Huston, 1961

Filme do dia (65/2021) - "Os Desajustados", de John Huston, 1961 - Após seu divórcio, a ex-dançarina Roslyn (Marilyn Monroe) conhece o cowboy Gay Langland (Clark Gable) e o ex-aviador da Segunda Guerra, Guido (Elli Wallach). Ambos se apaixonam por Roslyn, mas ela vai morar com Gay. Quando o trio encontra o peão de rodeio Perce (Montgomery Clift), Gay e Guido chamam-no para capturar cavalos selvagens no deserto, o que terá consequências para Roslyn.





Com magnífico texto do dramaturgo Arthur Miller, o filme é um drama comovente sobre pessoas sem perspectivas que se encontram e tentam, juntas, encontrar razões para continuarem a lutar e viver. Roslyn, é uma sensível e romântica ex-dançarina, desiludida pelo fim de seu casamento e sem rumo; Gay, um velho cowboy, desprezado pelos filhos, que se nega a perder a liberdade; Guido é um viúvo solitário marcado pela guerra; e Perce é um cowboy com problemas familiares. Enquanto os homens mostram-se embrutecidos, Roslyn, seu contraponto, é a doçura em forma de gente - e ela que será o catalizador de mudanças no grupo masculino. A narrativa é linear, com ritmo moderado, bastante adequado à história. A atmosfera é melancólica, trágica e desesperançada - temos a impressão que os personagens agarram-se à vida, tentando encontrar uma razão para continuar seus caminhos. Lá pelo meio da história, o tom "testosterona" da narrativa começou a me incomodar, sem saber que isso era completamente proposital e que teria forte influência no desfecho. O filme tem uma linda fotografia P&B que aproveita a beleza natural do deserto em grandes planos abertos - algo que John Huston sabia fazer como ninguém. Os destaques ficam por conta das cenas finais - a cena de Guido fazendo uma proposta para Roslyn dentro da cabine da caminhonete, a resposta de Roslyn e a consequente mudança de atitude de Guido são absolutamente perfeitas; a cena do ataque de Roslyn no deserto é estupenda!!!! E o desfecho é poderosíssimo! Gostei demais das interpretações de todos, mas tenho de destacar a atuação de Marilyn Monroe: constantemente colocada em papeis cômicos - sempre como a loira "sedutoramente ingênua" e pouco inteligente - aqui ela mostra uma dimensão muito mais profunda e dramática, a indicar que ela tinha muito mais a explorar e oferecer do que se supunha; eu fiquei totalmente apaixonada por Roslyn, uma personagem sensível, humana, generosa e empática como raramente vista no cinema. Eu simplesmente AMEI o filme!!! Dói saber que foi o último filme de Marilyn Monroe, quando ela finalmente tinha chance de dar um salto em sua carreira, alcançando filmes mais densos e dramáticos. A obra é incrível e merece DEMAIS a visita!

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